Rio - Três técnicos da Secretária Nacional de Proteção e Defesa Civil ficarão no Estado do Rio para orientar equipes municipais e do estado e avaliar os danos provocados pela chuva que atingiu cidades da Baixada e Sul Fluminense nesta última quarta-feira (21). A informação foi divulgada pelo secretário nacional Wolnei Wolff durante reunião na Câmara Municipal de Japeri, nesta sexta-feira (23).
Segundo Wolff, dois agentes ficarão em Japeri, na Baixada Fluminense, - onde houve duas mortes - e um terceiro será volante, ou seja, visitará outras cidades atingidas. Os técnicos ficarão disponíveis para ajudar os agentes das Defesa Civil municipais e estadual para fazer solicitações de projetos ao Governo Federal. Os municípios que tiverem a situação de calamidade reconhecida podem receber apoio financeiro.
"Parece atípico, mas está virando uma realidade essas situações de emergência. Reconhecida a situação de calamidade, o município fica habilitado a receber o apoio federal com o devido plano de trabalho", disse. O secretário nacional destacou que "a conta" das mudanças climáticas já chegou e que em 2023 o Brasil chegou a ter 1700 municípios, quase 30% das cidades, em estado de calamidade ao mesmo tempo por conta de secas ou chuvas.
Nesta quinta-feira (22), quatro cidades tiveram o estado de calamidade reconhecidos pela Defesa Civil Nacional: Barra do Piraí e Mendes, no Sul Fluminense; Varre-Sai, no Norte; e Japeri, na Baixada. A homologação permite que os municípios recebam cestas básicas e recursos para restabelecer a normalidade.
Wolnei também reconheceu que a bacia hidrográfica da Baixada deve ser uma prioridade. "É um problema e toda hora acontece. As mudanças climáticas estão provocando chuvas com intensidade e frequência. O presidente Lula pediu aos governadores que indicassem três prioridades para o Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC), mas isso ainda pode ser solicitado", lembrou.
O secretário especial de Assuntos Federativos, André Ceciliano, transmitiu aos prefeitos presentes na reunião a mensagem do presidente Lula de que não vai faltar recursos para ajuda humanitária, restabelecimento de cenário e reconstrução dos municípios atingidos pelas chuvas. "Esperamos ainda hoje entregar dois ou três planos de trabalho. Estamos homologando estado de emergência em horas", disse. Ceciliano ainda contou que o Governo Federal já investiu R$ 1,6 bilhões em dragagem de rios da Baixada. Ele acrescentou que há contratos pendentes para dragagem desde 2014.
"A gente precisa o plano de trabalho de cada município. Alguns demoravam muitos dias. Por isso, tomamos a decisão de trazer os técnicos do Ggoverno Federal. São recursos para que os municípios façam assistência humanitária, depois tem a reconstituição de cenário e por fim a reconstrução, com grandes obras, como reconstrução de pontes", explicou Ceciliano.
O diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública, do Ministério da Saúde, Márcio Garcia, chamou a atenção dos prefeitos para possibilidade de aumento de casos de leishmaniose e hepatite por conta das chuvas. "Houve aumento de leishmaniose com as chuvas do Rio. São sintomas parecidos com a dengue, mas manejo clínico diferentes", alertou.
Já a secretária Cintia Miranda, representante do Ministério de Desenvolvimento Social, apresentou as principais políticas emergenciais de assistência social. Entre elas estão a antecipação do Bolsa Família para famílias atingidas pelas chuvas. "As Secretarias Municipais também devem fazer a busca ativa de famílias que perderam suas fontes de renda e precisam ser cadastradas no CadÚnico e passar a receber o benefício", acrescentou.
Miranda também lembrou que o governo federal disponibiliza um auxílio para desabrigados de em média R$ 400 por pessoa. Pessoas desalojadas, que estão em casas de parentes ou amigos em situação de insalubridade, também podem receber a ajuda. As políticas federais devem ser solicitadas pelos municípios. Por conta das enchentes de janeiro no Estado do Rio, o Governo Federal distribuiu 35 mil cestas básicas.
Mortes no estado
Oito pessoas morreram devido ao temporal que atingiu cidades da Baixada Fluminense e do Sul Fluminense na noite de quarta-feira (21). Entre elas estão um menino de 2 anos, em Japeri, e quatro da mesma família em Barra do Piraí, sendo um deles um bebê.
A morte da criança de 2 anos na cidade de Baixada aconteceu na Rua do Mocambo, no bairro Engenheiro Pedreira, após a casa onde ele estava ser atingida por um deslizamento de terra. Imagens que circulam nas redes sociais registraram o desespero de vizinhos tentando socorrer a vítima, que ficou soterrada.
José Carlos Amorim de Oliveira, avô do menino, contou, muito abalado, que a irmã gêmea da vítima, que também estava na residência, conseguiu ser socorrida, mas o neto não. De acordo com ele, o menino inalou muito gás sob os escombros, pois a queda da estrutura da casa gerou um vazamento no encanamento.
Também em Japeri, Ana Carolina Sodré, de 24 anos, morreu soterrada no bairro da Chacrinha após um barranco deslizar e invadir o primeiro andar de sua residência. No momento da tragédia, a vítima estava ao lado do marido, que sofreu ferimentos, mas passa bem. Além do casal, três filhos da dona de casa estavam fora da residência brincando e não se feriram. A vítima deixou cinco filhos, sendo dois bebês e três crianças entre 2 e 7 anos. Ela foi enterrada nesta quinta-feira (22) no Cemitério de Japeri.
Ainda na Baixada, Roberto Mesquita, de 59 anos, e Felipe Machado, de 37, foram encontrados mortos em Nova Iguaçu. Os corpos foram arrastados por uma enxurrada.
Em Barra do Piraí, no Sul Fluminense, quatro pessoas da mesma família foram soterradas após o prédio de três andares onde eles moravam desabar na Rua Paulo da Silveira, no Morro da Gama, no Centro da cidade. Um bebê de 1 ano foi encontrado sem vida juntamente com a mãe, Inara Oliveira, o pai, Bruno de Carvalho, e a avó, Ligia Maria de Carvalho.
Em Mendes, também no Sul Fluminense, uma criança, de 6 anos, segue desaparecida desde a noite de quarta-feira (21). Bombeiros buscam por uma vítima em escombros de um deslizamento na cidade. A mãe e o irmão dela foram socorridos com vida.
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