Rio - O prefeito Eduardo Paes anunciou, na tarde desta quarta-feira (6), que o Centro do Rio passará por um conjunto de intervenções que mudará o trânsito de veículos. A Rua Uruguaiana, que a partir do dia 25 de março não será mais ponto de comércio ambulante autorizado pela prefeitura, está incluída no projeto.
Em postagem na rede social X, Paes disse que as obras que criarão um novo fluxo para o Centro começarão nesta quinta-feira (7). O prefeito explicou que os veículos que passam pela Avenida Rio Branco poderão entrar na Rua da Assembleia para pegar a Rua Uruguaiana, que servirá como uma conexão com a Avenida Presidente Vargas.
Amanhã daremos início a um conjunto de intervenções que vão criar um novo fluxo no Centro do Rio. Vindo pela AV Rio Branco os carros poderão virar à esquerda na rua da Assembleia e pegar a rua Uruguaiana (nesse trecho a rua da Assembleia vai operar em mão dupla). Isso permitirá… pic.twitter.com/5LSVeTZyEa
Paes ainda destacou que a Rua da Assembleia vai operar em mão dupla. De acordo com o prefeito, as obras necessárias para essas adaptações devem ser concluídas em 15 dias.
Rua Uruguaiana
No dia 28 de fevereiro, o prefeito do Rio anunciou o impedimento da instalação de barracas ou quaisquer outros pontos de comércio nas calçadas da Rua Uruguaiana, no Centro. A decisão foi tomada juntamente com o governador Cláudio Castro.
Segundo Paes, a determinação começa a valer a partir do dia 25 deste mês. De acordo com a Secretaria de Ordem Pública (Seop) informou, há no local uma cobrança de taxa no valor de R$ 100, feita por semana aos camelôs, para que possam usar o espaço público para trabalhar. O secretário Brenno Carnevale afirmou que as ações são semelhantes aos mecanismos usados pelas milícias.
A região é investigada como ponto de venda de mercadorias roubadas, especialmente celulares. Segundo relatório da Seop, depois de denúncias sobre as cobranças de taxa, foi constatado que além de autorizar a colocação de mercadorias no solo, pessoas que se colocam como responsáveis pela região entre a Rua Buenos Aires e a Rua Sete de Setembro definem o local e os produtos a serem comercializados. Fora isso, eles também garantem a vigilância dos ambulantes.
"Existem pessoas ali que se intitulam donos do chão, verdadeiros milicianos do asfalto, que a gente vai combater com inteligência, estratégia, prevenção e com exercício de autoridade [...] Vamos fazer fiscalizações, com reuniões com as polícias Civil, Militar e o MPRJ para o êxito dessa missão. Temos outras irregularidades daquela rua pelo próprio comércio formal e vamos combater, sempre com foco em ordenamento urbano e combate às milícias do asfalto que fazem cobranças indevidas para o uso do espaço público, que tem um único dono, a Prefeitura", disse Brenno Carnevale.
O secretário reforçou ainda que relatórios de inteligência comprovaram a venda de mercadoria ilegal, produto de roubo e furto. O documento esclarece a existência de um mercado irregular na Uruguaiana, dando conta da comercialização de aparelhos celulares com origem duvidosa e ilícita.
Contudo, movimentos ligados a camelôs repudiaram a decisão e afirmaram que a retirada dos ambulantes do local não resolve a criminalidade. Ao contrário, o Movimento Unido dos Camelôs (Muca-RJ) e o Fórum Popular de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro destacaram que a ação é uma forma de criminalizar e perseguir a classe dos camelôs na cidade.
"É lamentável que a gestão municipal opte por estigmatizar todos os camelôs da região, sem distinção e numa promoção que visa marginalizar a categoria na totalidade. Ao invés de promover a exclusão e marginalização desses trabalhadores, acreditamos que as autoridades deveriam buscar soluções mais inclusivas e que atendam às necessidades de todos os envolvidos. A simples remoção dos camelôs acusados de irregularidades não resolve o problema subjacente e apenas transfere essa situação para outras áreas, sem oferecer alternativas viáveis para esses trabalhadores", informou o Muca-RJ por meio de um comunicado.
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