Nas imagens, o entregador levanta a camisa para mostrar que não estava armadoReprodução
PM atirou em entregador pelas costas, garante testemunha
Depoimento contraria versão de legítima defesa apresentada pelo cabo Roy Martins Cavalcanti
O entregador de aplicativo Nilton Ramon Barromeu de Oliveira, de 25 anos, teria sido baleado pelas costas pelo cabo da Polícia Militar Roy Martins Cavalcanti, de acordo com o depoimento de uma testemunha que presenciou a confusão, em Vila Valqueire, na Zona Oeste. A informação foi repassada pela irmã da vítima, Stefany de Oliveira. "Meu irmão tentou correr", afirmou.
Segundo o depoimento, prestado à investigadores da 28ª DP (Campinho), o policial só não disparou pela segunda vez porque a arma teria travado. O depoente também reforçou que em nenhum momento viu Nilton tentando desarmar o militar. As declarações contrariam a versão apresentada por Roy Martins, que alegou que atirou em Nilton "em legítima defesa" porque o entregador tentou sacar sua arma.
"Nilton tentou pegar a arma de Roy, que, para preservar sua vida, efetuou um disparo na perna esquerda de Nilton. Neste momento, Roy fez um torniquete na perna de Nilton e ligou para o 193 solicitando socorro", destaca o registro de ocorrência.
O caso ocorreu na segunda-feira (5), quando Nilton fazia entregas de bicicleta. Seguindo as normas do Ifood, o motoboy se recusou a passar pela portaria para entregar pedido na casa do policial e retornou à lanchonete de origem. Minutos depois, o PM foi até o estabelecimento armado, iniciando a discussão. Ao ser abordado, Nilton ligou a câmera de seu celular para filmar. Nos primeiros momentos, o PM já aparece com a arma na cintura.
Após ser baleado, Nilton deu entrada no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, Zona Norte do Rio, onde segue internado. Segundo os familiares, o jovem teve leve melhora e conseguiu abrir os olhos e conversar com parentes que o acompanhavam, mas o quadro de saúde ainda é considerado grave.
O cabo foi ouvido pela Polícia Civil e liberado. A arma chegou a ser acautelada, mas acabou devolvida. Um processo da Corregedoria da Polícia Militar também foi instaurado para apurar as circunstância do caso.
A reportagem de O DIA não obteve retorno da defesa de Roy sobre o caso. O espaço está aberto para eventuais manifestações.
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