Leandro Machado foi preso nesta terça-feira (5) por suspeita de participação em morte de advogadoPedro Ivo/Agência O Dia

Rio - O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) manteve, durante audiência de custódia realizada na tarde desta quarta-feira (6), a prisão do policial militar Leandro Machado da Silva, suspeito de participação no homicídio do advogado Rodrigo Marinho Crespo.
A juíza Ariadne Villela Lopes analisou a legalidade do mandado de prisão temporária que constava contra o agente. A magistrada entendeu que toda a prisão foi realizada sem irregularidades.
Leandro se entregou na sede da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) nesta terça-feira (5) após ter a prisão decretada pela Justiça. O PM é apontado como responsável pela logística do assassinato. Os veículos usados para o monitoramento e pelo criminoso que realizou o disparo teria sido entregue aos suspeitos pelo policial, segundo a investigação. O agente, inclusive, já foi investigado e preso pela prática de homicídio, e por integrar um grupo paramilitar com atuação em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
O PM, que era lotado no 15º BPM (Duque de Caxias), estava afastado das ruas devido a outro inquérito policial. Leandro é investigado por uma suposta ligação com Vinícius Pereira Drumond, filho do falecido contraventor Luizinho Drumond, que controlava o jogo do bicho na Zona Leopoldina, e por fazer parte de uma organização criminosa responsável por execuções no Rio.
Defesa alega inocência
Nesta terça-feira (5), ainda na sede da DHC, o advogado Diogo Macruz alegou que Leandro não participou do homicídio de Rodrigo Crespo e que o motivo para o aluguel dos carros utilizados pelos responsáveis do assassinado não era de seu conhecimento.
"A prisão do Leandro hoje não tem a ver com o processo. Ele sublocava os carros. Essa sublocação que fez com que ele viesse parar aqui, justamente porque, aparentemente, alguém que cometeu esse crime cruel utilizou-se de um desses veículos. Mas o Leandro, em si, não tem relação com o processo, com a morte do colega advogado", disse.
De acordo com Diogo, Leandro alugava carros para pessoas trabalharem. A maioria dos locatários os utilizava para serviços de aplicativo de transporte.
"É uma sublocação. Ele se aproveitou da questão de 'vou ganhar um dinheiro' e sublocava os carros que, para ele, eram alugados, mas ele não tinha um domínio do que as pessoas que alugavam esses carros poderiam fazer, e não, ele não fazia a menor ideia do que aconteceu, ele não está envolvido nesse crime", afirmou.
A defesa também discorda do outro inquérito policial e afirma que não há qualquer indício de relação entre o seu cliente e Vinícius Pereira Drumond, que teria contato constante com o dono da locadora.
"Isso não se manteve no depoimento, pois não ficou provado essa ligação do Drumond com o meu cliente. Pelo contrário, o meu cliente já falou que não sabe sequer qual é a casa, nunca nem veio aos condomínios daqui, caso o Drummond more nessa região. Ele não conhece o Drummond. Também não tem relação com o jogo do bicho. O PM é só isso: policial militar e pai de família", garante.
Outras prisões
Ainda nesta terça-feira (5), outros dois suspeitos de envolvimento no homicídio do advogado foram presos. Eduardo Sobreira Moraes e Cezar Daniel Mondego de Souza seriam responsáveis pelo monitoramento da vítima dias antes da morte e na data do crime. O carro utilizado por Moraes - similar ao veículo do executor - teria sido entregue por Leandro.
Ambos chegaram a ser nomeados a um cargo na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Eduardo iria trabalhar como assistente no Departamento de Patrimônio da Casa, assumindo o posto no lugar de Cezar, que foi exonerado na última sexta-feira (1º). 
De acordo com o Portal da Transparência da Alerj, Cezar recebia remuneração de R$ 2.029,37. Com a exoneração, o valor seria pago, então, para Eduardo. Questionada, a Alerj disse que assim que tomou conhecimento sobre o caso, e antes mesmo de ter sido realizada a posse, o órgão tornou o ato de nomeação de Eduardo sem efeito em publicação no Diário Oficial.
A audiência de custódia de Cezar está marcada para esta quinta-feira (7). Ainda não há data para a de Eduardo.
Relembre o caso
O homicídio aconteceu em frente ao escritório onde o advogado era sócio fundador, na calçada do prédio da OAB-RJ. De acordo com imagens de câmeras de segurança, um carro branco se aproximou da vítima às 17h16 da última segunda-feira (26). Em ação que durou cerca de 14 segundos, um homem encapuzado deixou o veículo e efetuou diversos disparos contra Rodrigo.

Antes de atirar, o homem ainda chamou o advogado pelo nome. Ainda segundo a DHC, a atitude demonstra, inicialmente, que o executor queria ter certeza de que estava abordando o alvo certo. O advogado foi baleado duas vezes quando estava de pé e outras dez após cair. Rodrigo estava lanchando com o sobrinho no momento em que foi surpreendido pelo criminoso.
O advogado foi enterrado no início da tarde da última quarta-feira (28), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio.