José Pinto é um dos presos e ostentava nas redes sociaisReprodução/TV Globo
Integrantes de quadrilha que matou idosa milionária são condenados a 28 anos de prisão
Sônia Maria foi enganada e ficou em cárcere privado, sendo dopada até morrer
Rio - Dois integrantes de uma quadrilha especializada em roubar idosos ricos foram condenados a 28 anos de prisão, nesta terça-feira (5). José Pinto e Andrea Cristina da Silva, foram denunciados por roubar e matar a professora aposentada Sônia Maria da Costa, de 79 anos. A idosa foi enganada pelos golpistas e ficou em cárcere privado por pelo menos três semanas, sendo dopada diariamente até morrer. O crime aconteceu no final de 2020, mas foi revelado apenas em 2022.
Sônia era moradora de Vila Isabel e levava uma vida simples, sem ostentação, mas era dona de mais de 20 imóveis na Zona Norte do Rio, herdeira de uma quinta, em Portugal, e tinha mais de R$ 5 milhões no banco.
A sentença, a qual O DIA obteve acesso, aponta que "os denunciados, com vontades livres e de maneira consciente, em perfeita comunhão de ações e desígnios entre si e com terceiros ainda não identificados, constrangeram a vítima mediante violência consistente na redução da capacidade de resistência desta, a lhes transferir e a sacar e lhes entregar importâncias em dinheiro, tudo feito com o intuito de obterem, para si, vantagem econômica indevida". O valor roubado foi avaliado em pelo menos R$ 443 mil.
A justiça aponta que a vítima era conhecida em sua vizinhança por ser locadora de diversos imóveis e não teria sido vista desde o dia 19 de outubro de 2020. A partir disso, uma soma de fatores levou seus inquilinos, bem como familiares, a suspeitarem de que Sônia estivesse sendo vítima de um crime.
Após o desaparecimento da idosa, o advogado José Pinto, apontado como envolvido na ação, enviou um comunicado aos inquilinos de Sônia, os informando de que os pagamentos dos aluguéis deveriam ser remetidos ao seu escritório de advocacia. "Assim, o autor centralizou a arrecadação dos aluguéis, ao mesmo tempo em que, com o escopo de perpetuar a série de extorsões, mantinha a vítima com sua liberdade restringida, levando-a, inclusive, a Saquarema", aponta a decisão.
Andréa Cristina da Silva, apontada pelo documento como autora dos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa, junto com José, também foi denunciada por violência contra Sônia e por obter procurações para operar livremente as contas da vítima nos bancos.
"Com estas procurações, a denunciada Andréa enviou para a conta da sua própria empresa a importância de R$ 430, 9 mil reais, sendo R$ 240 mil em sete transferências via PIX, e R$ 190,9 mil em dois cheques em nome de Sônia, sendo todas essas transações efetuadas entre os dias 02 de dezembro de 2020 e 30 de dezembro de 2020", diz a sentença.
Michelle da Silva, também denunciada no mesmo processo, e Vanessa da Silva, no dia 30 de outubro de 2020, foram acusadas de levar a vítima em estado próximo ao vegetativo, em uma cadeira de rodas, utilizar das digitais dela inconsciente, e sacar R$ 5 mil. Em imagens, que chamaram atenção da justiça, 10 dias antes dos fatos, Sônia teria sido vista indo a mesma agência sem nenhuma debilitação.
Vanessa da Silva, juntamente com Danielle de Pinho, Diana Regina dos Santos, também foram denunciadas, porém, em processo desmembrado, que corre em segredo de justiça.
Com isso, o documento conclui que "no contexto fático narrado na denúncia, em data que não pode ser totalmente precisada, mas sendo certo que a partir do dia 30 de outubro de 2020, o crime de extorsão ora narrado, cometido de forma livre e consciente pelos denunciados, resultou na morte da vítima."
Uma denúncia anônima informou que Sônia havia morrido e teria sido enterrada com o nome de Aspásia Gomes no cemitério São Francisco Xavier. "e os documentos e informações contidas nos documentos relacionados ao falecimento de Aspásia Gomes eram absolutamente irregulares, motivo pelo qual foi realizada a exumação do cadáver, sendo confirmada a informação de que se tratava, na verdade, do cadáver da vítima Sônia", aponta a sentença.
A prisão preventiva do grupo foi decretada no dia 29 de abril de 2021. No dia 5 de março deste ano, foi decretada a pena de 28 anos de prisão a José Pinto e Andrea da Silva. Michelle da Silva foi absolvida por entendimento da justiça de falta de provas contra a ré.
Em nota, a defesa da ré Andrea Cristina da Silva afirmou que "vê com perplexidade a sentença exarada, pois, está completamente dissociada das provas dos autos, além de não ter sido enfrentado os argumentos defensivos. A defesa irá recorrer da decisão", disse o advogado Michel Gomes Vinagre. O advogado Marcio Castelloes, de José Pinto, informou que também vai recorrer. "A defesa entende que a sentença foi desproporcional a realidade dos autos e que irá recorrer", disse a nota.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.