A professora aposentada, Sônia Maria da Costa, de 79 anos, foi vítima de uma quadrilha especializada em roubar idososFoto: Reprodução da TV Globo

Rio - A professora aposentada Sônia Maria da Costa, de 79 anos, foi vítima de uma quadrilha especializada em roubar idosos ricos. Moradora de Vila Isabel, dona Sônia levava uma vida simples, sem ostentação, mas era dona de mais de 20 imóveis na Zona Norte do Rio, herdeira de uma quinta, em Portugal, e tinha mais de R$ 5 milhões no banco. Enganada pelos golpistas, ficou em cárcere privado por pelo menos três semanas, sendo dopada diariamente até morrer. O crime aconteceu no final de 2020, mas foi revelado pelo Fantástico, na noite deste domingo (15).
Segundo as investigações, uma inquilina nova começou a se aproximar, ganhar a confiança de dona Sônia e a frequentar a casa da idosa. Era Danielle Esteves de Pinho que, segundo a polícia, era uma das integrantes da quadrilha.
Para ter acesso ao dinheiro da vítima, Danielle e os outros integrantes da quadrilha especializada passaram a dopá-la e assim, conseguiram controlar e executar melhor o plano. Vários saques e transferências já estavam sendo feitos pelo bando. Até que um fato marcante chamou a atenção dos outros vizinhos de dona Sônia: ao ser procurada para uma conversa sobre contratos de aluguel, a idosa desmaiou. Os vizinhos chamaram a ambulância e ficaram surpresos ao ver que justo Danielle, a inquilina nova e sempre tão solícita, já estava bastante íntima que tinha acesso fácil à casa de dona Sônia. O grupo foi ao hospital e lá o médico disse que a idosa estava bem de saúde, mas bastante desorientada. Já em casa, dona Sônia comentou que não se lembrava de nada, apenas de ter assinado uns papéis, mas não sabia quais e nem de que se tratavam.

Levantaram suspeita
Poucos dias após esse episódio, a idosa sumiu de casa. Nenhum dos vizinhos antigos viu mais a idosa. A cobrança dos aluguéis, porém, continuou a ser feita, mas um outro fato chamou a atenção: os inquilinos receberam um comunicado de que todos os negócios dela passariam a ser administrados por um escritório de advocacia em nome de José Pinto. Os vizinhos mais próximos estranharam e procuraram a polícia para denunciar o desaparecimento de dona Sônia, no dia 14 de novembro de 2020.
Na investigação, os policiais perceberam que o patrimônio da idosa também estava sumindo. Havia saques de mais de R$ 800 mil nas contas da idosa. Em casa, o cofre que mantinha estava vazio.
De acordo com a polícia, os criminosos tiraram a vítima de casa e a levaram para um apartamento em Copacabana, onde foi dopada até a morte. Segundo os investigadores, a idosa não aguentou tantos remédios que a mantinham dopada e acabou morrendo. Para ocultar o corpo, os criminosos enterraram Sônia com outro nome, no Cemitério do Caju, Zona Norte do Rio. Após exumar o corpo, a polícia confirmou que o corpo enterrado com o nome de Aspásia Gomes era na verdade o de dona Sônia. Tudo não passou de uma grande farsa para esconder o crime praticado pelos criminosos. Tudo na certidão de óbito era falso: o nome de Aspásia Gomes, a profissão, o endereço, tudo.
Na última sexta-feira (13), o médico Octávio Pavan, que assinou o atestado de óbito em nome de Aspásia Gomes, foi ouvido na delegacia. Segundo ele, o cadáver era um cadáver recente, a documentação apresentada condizia com a foto do cadáver e não havia nenhum dado que parecesse suspeito.
 
A polícia já conseguiu prender três integrantes da quadrilha, apontados pelos investigadores como participantes do golpe e do assassinato da idosa: o advogado, José Pinto; a inquilina, Danielle Esteves de Pinho; e Andréa Cristina, que seria uma das chefes do grupo. Eles vão responder por extorsão com resultado em morte.
Segundo o Fantástico, o advogado de José Pinto disse, em nota, que é infundada a acusação atribuída a ele, e que configura os fatos uma ilação. Afirmou ainda que a defesa será feita nos autos do processo e será esclarecida a inocência dele. Já o advogado de Danielle informou que conseguiu a revogação da prisão preventiva e ela está em liberdade. A defesa afirma que ela é inocente e que confia na Justiça.

A polícia agora procura por outra acusada de envolvimento no crime: Diana Regina dos Santos Simões, que está foragida.