Policiais da 18ª DP (Praça da Bandeira) encontram veículo parecido com os carros usados pela Marinha do BrasilReginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - Policiais da 18ª DP (Praça da Bandeira) encontraram, nesta segunda-feira, durante uma inspeção no ferro-velho dos acusados de matar o perito da Civil, Renato Couto, 41, um caminhão de cor cinza, ano 1987, parecido com os veículos usados na Marinha do Brasil. Através da placa do veículo, em uma pesquisa realizada pela reportagem do DIA, foi possível verificar que o caminhão está registrado com a cor cinza. Segundo informações obtidas pelo G1, em uma checagem inicial, os policiais levantaram que o veículo está em nome de um condutor particular e com documentação legalizada.
Agora, agentes vão investigar se o veículo era usado pelo estabelecimento para não levantar suspeita durante as práticas das atividades ilegais. O dono do ferro-velho, Lourival Ferreira de Lima, foi preso junto com seu filho, o sargento da Marinha Bruno Santos de Lima, e mais dois militares, identificados como o cabo Daris Fidelis Motta e o terceiro-sargento Manoel Vitor Silva Soares.
Nesta terça-feira (17), ocorre a audiência de custódia dos presos, no mesmo dia em que o papiloscopista Renato Couto será enterrado. Familiares e amigos vão enterrar a vítima no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste. O velório está marcado para começar às 10h. 
Procurada, a Marinha do Brasil ainda não informou se a placa do caminhão localizado tem ligação com o órgão. A Polícia Civil também não forneceu maiores informações sobre os dados do caminhão.
O caso
Os três militares da Marinha, além do pai de um deles, foram presos na noite de sábado (14) acusados do homicídio do papiloscopista da Polícia Civil, Renato Couto de Mendonça, que estava desaparecido desde sexta-feira (13), após ir ao ferro-velho de Lourival, na Praça da Bandeira.

Uma testemunha contou à polícia que caminhava pela rua quando ouviu gritos: "Deita no chão, deita no chão". Os gritos vinham de quatro homens, próximo a uma van cinza. A Marinha do Brasil abriu um inquérito para apurar as circunstâncias da ocorrência e os acusados foram indiciados por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

De acordo com um familiar do policial morto, o papiloscopista foi até o local após saber que objetos de metal dele, que fazia uma obra na Mangueira, tinham sido furtados por usuários de crack e vendidos para esse ferro-velho.

A irmã do perito pediu justiça após ter reconhecido o corpo do papiloscopista ainda às margens do Rio Guandu, nesta segunda-feira. No IML, a fisioterapeuta Débora Couto de Mendonça, de 38 anos, disse que Lourival, um dos quatro presos pelo crime, receptou materiais furtados de uma obra do irmão. A van era um veículo da própria Marinha do Brasil.

"A gente já sabia dos furtos porque era uma coisa frequente. Tem 18 boletins de ocorrência. Ele era um policial civil, poderia ter ido de primeira, discutido e ter usado a força dele como policial, mas ele não fez isso. No dia da sua morte, ele estava com as notas fiscais das janelas que estavam no ferro-velho do seu Lourival no bolso, porque o seu Lourival mandou ele voltar e que se ele apresentasse as notas, ele iria devolver as janelas ao meu irmão", disse.