Rivaldo assumiu a chefia da Polícia Civil na véspera do atentado contra Marielle, em 13 de março de 2018, nomeado pelo então interventor federal da Segurança Pública do Rio de Janeiro, o general Walter Braga Netto. Ele ficou no cargo até o último dia do mandato de Luiz Fernando Pezão, 31 de dezembro do mesmo ano. A intervenção foi encerrada quatro dias antes.
Álvaro Lins
Antes de Barbosa, outro ex-chefe da Polícia Civil que enfrentou sérias acusações foi Álvaro Lins. Lins, que ocupava o cargo durante o governo de Anthony Garotinho (1999-2002), foi preso em 2008 em flagrante pela Polícia Federal, acusado de crime continuado. Segundo a PF, ele teria recebido suborno do crime organizado e, com este dinheiro, comprado o apartamento onde vivia, possibilitando, desta forma, o flagrante.
Na época, ele era deputado estadual. Um dia após ser preso, a Alerj, após consulta a seus membros, revogou a prisão. No dia 12 de agosto do mesmo ano, a Casa Legislativa decidiu, em votação secreta do plenário, pelo seu afastamento definitivo por quebra do decoro parlamentar.
Ricardo Hallak
Também em 2008, Ricardo Hallak foi preso pela Polícia Federal na Operação Segurança Pública S/A. O delegado foi denunciado por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, em crimes que foram cometidos no período em que ele chefiou a Polícia Civil do Estado em 2006, no governo de Rosinha Garotinho.
De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, Hallak faria parte de organização criminosa voltada para a exploração do jogo do bicho na cidade do Rio de Janeiro, na qual também estariam envolvidos o ex-governador Anthony Garotinho e o ex-chefe da Polícia Civil e ex-deputado estadual Álvaro Lins.
Em primeira instância, Ricardo Hallak foi condenado a cinco anos e nove meses de reclusão por corrupção passiva. Após recorrer da decisão, o TRF-2 reduziu a pena para quatro anos e seis meses de reclusão. Antes de ser chefe de Polícia Civil, Hallak comandou as delegacias especializadas de Combate a Roubos de Cargas e de Crime Organizado (Draco).
Allan Turnowski enfrentou problemas legais em 2022. Ele foi preso pelo Ministério Público do Rio de Janeiro sob alegação de envolvimento com uma organização criminosa e participação em atividades relacionadas ao jogo do bicho. Turnowski deixou o cargo naquele ano para se candidatar a uma vaga de deputado federal pelo PL.
Segundo as investigações, ele recebia propina do jogo do bicho e estaria envolvido em um plano para assassinar o bicheiro Rogério Andrade. No entanto, menos de um mês depois, ele foi solto por decisão do ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), mediante medidas cautelares - como não acessar repartições da polícia. A investigação do caso segue em andamento pelo Ministério Público do Rio.
Em nota, a defesa do ex-secretário Dr. Allan Turnowski reforçou "sua plena inocência de todas as injustas acusações que foram arbitrária e levianamente assacadas."
"Recorde-se que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a ilegalidade da prisão decretada, reconhecendo a absoluta inexistência de indícios que pudessem inseri-lo na ação penal", disse a defesa.
Polícia Civil se manifesta
Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) disse que, "por meio de três delegados da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte), acompanhou a operação do domingo, e a Corregedoria-Geral (CGPOL) da instituição, imediatamente, instaurou inquérito para apurar as condutas de Rivaldo".
Veja a nota na íntegra
Vale reforçar que um dos compromissos da atual gestão da Polícia Civil é o fortalecimento da CGPOL – o que vem sendo realizado desde os primeiros dias –, dando maior autonomia em suas apurações, para responsabilizar qualquer desvio de conduta ou ato ilícito com o rigor da lei.
A Sepol destaca ainda que, no fim do ano passado, a atual gestão criou um grupo de trabalho no Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), para analisar os inquéritos de homicídios ainda sem solução e os que porventura ocorram, relacionados ao crime organizado nas suas principais frentes de atuação: milícia, tráfico e contravenção; reforçando seu compromisso de combate ao crime em defesa da sociedade.
A Polícia Civil ressalta que, logo no início da atual gestão, inclusive, houve uma reunião com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, na qual foram elencados, em comum acordo, homicídios que deveriam ser tratados com atenção especial, uma vez que as investigações apontavam para crimes cometidos por essas organizações criminosas. O trabalho conjunto entre as instituições segue para que os casos sejam completamente elucidados e os envolvidos responsabilizados.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.