Monica Benício durante o lançamento do livro Marielle & Mônica: uma história de amor e lutaDivulgação / Lana de Holanda

Rio - A vereadora Monica Benício (PSOL) lançou, em um evento na Livraria Folha Seca, no Centro, na tarde deste sábado (13), o livro "Marielle & Mônica: uma história de amor e luta", no qual fala sobre o seu relacionamento de 14 anos com a Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018.

A sessão de autógrafos, que reuniu diversos amigos, famosos e políticos, contou com um bate-papo com a deputada Talíria Petrone (PSOL) e uma roda de samba com o grupo de mulheres Samba Que Elas Querem. No livro, Monica fala sobre a relação, o processo de luto após a morte de Marielle, o alcoolismo e a depressão.

"Estou profundamente emocionada com todo o carinho que tenho recebido e com a grande repercussão do livro. Isso me dá forças para seguir em frente, na certeza de que não estou sozinha", escreveu a arquiteta e vereadora em um post nas redes sociais.
Segundo Benício, o livro deveria ter sido publicado um ano após o crime, mas não foi fácil revisitar a história. "Eu acabei demorando cinco anos para lançar porque sempre era muito doloroso sentar e revirar as memórias para poder escrever. No primeiro momento, eu negava esse luto, eu não queria fazer aquela elaboração porque não tive a oportunidade de me despedir da minha mulher", revelou.

Investigações do crime

Marielle e o motorista Anderson Gomes foram executados, na noite do dia 14 de março de 2018, no Centro do Rio. O carro em que as vítimas estavam foi interceptado após a vereadora deixar um debate na Lapa. A assessora Fernanda Chaves, que também estava no veículo, escapou com vida.

Cerca de um ano depois, em 2019, a polícia prendeu Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de executar o crime. Lessa foi o autor dos 13 disparos, enquanto Queiroz dirigia o carro.

A pergunta sobre quem mandou matar Marielle e Anderson continuou sem respostas por seis anos, até a prisão, em março de 2024, dos irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, e Chiquinho Brazão, deputado federal, apontados como os mandantes. Na ocasião, Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, que assumiu a função um dia antes do assassinato da parlamentar, também foi detido por tentar obstruir as investigações.
"Foram seis anos e dez dias aguardando o telefonema da polícia para dizer que os mandantes do assassinato da Marielle. Se, por um lado, os nomes dos irmãos Brazão não surpreendeu, o nome de Rivaldo Barbosa foi, sem dúvida nenhuma, uma infeliz surpresa. Em especial porque ele foi a primeira autoridade que nos recebeu logo depois do assassinato", comenta Monica. "O que tem revelado é que ele era um dos algozes. Ele criou condições para que o assassinato acontecesse".
Para a vereadora, a morte de Marielle um alerta para a população brasileira. "Isso nos traz uma tarefa histórica, que é fazer um enfrentamento a esses podres poderes e a essa estrutura que não pode caber dentro da democracia. Nós precisamos estar vigilantes sobre esse caso por tudo o que ele representa", conclui.