Movimentação na porta do Hospital Federal dos Servidores do Estado, nesta quarta-feira (29)Reginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - Pacientes considerados do grupo de risco estão com consultas mantidas nos hospitais federais durante a greve dos servidores da rede. Devido à paralisação, iniciada há duas semanas, os atendimentos não emergenciais e cirurgias eletivas nos hospitais de Bonsucesso e Andaraí, na Zona Norte, da Lagoa e Ipanema, na Zona Sul, Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, e dos Servidores do Estado, na Saúde, no Centro, estão suspensos por tempo indeterminado.
Nesta quarta-feira (29), o DIA conversou com Ellen Pimentel Soares, de 41 anos, uma paciente que faz acompanhamento pós-cirurgia bariátrica na rede federal. Ela tentou entrar no Hospital Federal dos Servidores para ir a uma consulta que estava marcada, porém, por não se enquadrar no grupo de risco, não conseguiu subir. O marido de uma amiga de Ellen, que faz acompanhamento oncológico, conseguiu atendimento na mesma unidade, nesta quarta-feira.
"Hoje (quarta) eu conversei com outros pacientes e me informaram que os médicos que estão indo aos hospitais estão atendendo quem está internado e quem faz parte desse grupo de risco. Alguns exames foram realmente cancelados, só estão atendendo que tem prioridade mesmo", disse Ellen.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado do Rio (Sindsprev/RJ), a previsão é de que as unidades permaneçam funcionando com 30% do quadro de funcionários durante a greve. A auxiliar de enfermagem e dirigente do Sindsprev, Chris Gerardo, reforçou que o atendimento para todos os casos que significam risco à vida está garantido. "Tudo o que significa risco de vida, dano permanente, esse paciente está garantido. São os casos de pacientes oncológicos ou que precisam de  hemodiálise, diálise, doenças inflamatórias, reumatologia e traumas". Ainda segundo a dirigente, o trabalhador tem o direito de escolher a forma e o momento de aderir à greve.
Segundo o membro do comando de greve do Hospital dos Servidores, Adriano Ribeiro, está sendo realizada uma triagem dos pacientes na porta da unidade. "Estamos vendo quem tem atendimento prioritário dentro das necessidades, como paciente com câncer, hemodiálise e distúrbio de coagulação são casos que a gente tem prioritariamente que atender", disse Adriano.
Entenda a greve
Segundo o Sindsprev/RJ, dentre as reivindicações, os profissionais são contra a divisão da gestão das unidades entre a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o Grupo Hospitalar Conceição, o Governo do Estado e a Prefeitura do Rio, o que chamaram de "fatiamento".
Além disso, eles reivindicam orçamento que dê condições aos hospitais de prestar atendimento à população e realização de concurso público para cobrir o déficit de pessoal, atualmente em torno de 60%, bem como prorrogação de todos os Contratos Temporários da União (CTUs), até a realização de concurso. Os funcionários querem também a transferência para a carreira da Ciência e Tecnologia; o cumprimento do acordo de greve de 2023; pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo e do piso da enfermagem em valores integrais.
Anteriormente, o Ministério da Saúde havia informado que recebeu os pleitos dos referidos sindicatos, "com os quais reforça o compromisso de manter o diálogo e se disponibiliza para ouvir todas as reivindicações da categoria, como tem realizado desde a instalação do Comitê Gestor". No entanto, procurado novamente, o órgão ainda não se pronunciou.