Carro usado no homicídio de Felipe Fernandes da Conceição foi apreendido em Angra dos ReisReprodução

Rio - O carro usado pelos criminosos no homicídio de Felipe Fernandes da Conceição, de 32 anos, ocorrido em Paraty, foi encontrado e apreendido, nesta sexta-feira (28), em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio.
O delegado Marcelo Russo, titular da 167ª DP (Paraty), responsável pela investigação, afirmou que o veículo, localizado por policiais militares, estava em uma região dominada pela facção Terceiro Comando Puro (TCP). O fato vai de encontro com a principal hipótese sobre a linha de investigação do crime, que indica que o assassinato aconteceu devido a uma guerra entre facções e um acerto de contas.
"O bairro onde o veículo foi localizado é reduto da facção criminosa Terceiro Comando, ou seja, há uma rivalidade de facções e um ajuste de contas, que motivou o homicídio que ocorreu aqui na cidade de Paraty. Nós estamos remetendo a perícia técnica pro local para fazer as devidas perícias nesse veículo, que está sendo apreendido, a fim de que possamos fechar a investigação e identificar os autores do crime", contou.
Segundo a Polícia Militar, agentes do 33º BPM (Angra dos Reis) encontraram o veículo no bairro Gamboa de Belém. O carro constava como roubado e estava com uma placa clonada.
Felipe, apontado como uma das principais lideranças do Comando Vermelho (CV) em Paraty, foi morto com pelo menos 19 tiros, por volta das 11h15 de quarta-feira (26), na Rua Doutor Derli Elena, no bairro Patitiba. Câmeras de segurança de uma loja de aparelhos eletrônicos flagraram dois criminosos de roupas pretas, e encapuzados, descendo de um carro e atirando contra o homem. O enteado da vítima, de 15 anos, também foi baleado.
Por uma gravação é possível ver o homem e o enteado na porta da loja no início dos disparos. O adolescente é o primeiro atingido por um tiro e cai na calçada, enquanto o padrasto corre para dentro da loja. Através da câmera interna do estabelecimento, os criminosos aparecem fazendo buscas por Felipe. Ele tenta correr, mas é alcançado na calçada por um dos executores. Pelo menos 19 disparos foram feitos contra a vítima.
Os bandidos conseguiram fugir e ninguém foi preso até o momento. A investigação segue em andamento para identificá-los.
O homem e o enteado foram socorridos e levados para o Hospital Municipal Hugo Miranda, ainda em Paraty, mas o homem não resistiu. Até esta quarta-feira (26), o adolescente seguia internado em estado grave.
Condenação por tráfico
Felipe foi condenado, em 2016, a 14 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e porte ilegal de arma de fogo. No mesmo ano, ele, que integrava o Comando Vermelho (CV), foi preso em uma casa com diferentes entorpecentes que seriam vendidos em uma localidade conhecida como Beco do Bode. O homem ainda estava armado.
Na sentença, o juiz William Satoshi Yamakawa, da Vara Única da Comarca de Paraty, do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), destacou que, diante da expressiva quantidade de drogas apreendida na casa onde Felipe estava e do farto material para embalagem, não havia dúvida da existência de uma organização voltada para o crime de tráfico de drogas. O magistrado ainda justificou sua decisão através de elementos que comprovavam o vínculo do homem com o Comando Vermelho.
"Ficou comprovado que o local era ponto de venda de drogas e onde os entorpecentes eram 'trabalhados' para negociação. Frise-se que as investigações indicavam a vinculação de Felipe com a facção Comando Vermelho, que dominava o tráfico na Patitiba, sendo o réu fotografado em atitude indicativa de pertencer a tal grupo, quando exibia os sinais do grupo criminoso, tendo ele confirmado a fotografia, alegando, contudo, que seria brincadeira. O próprio denunciado Felipe informou que devia a várias pessoas pela aquisição da droga que negociava, demonstrando a permanência da atividade por considerável período de tempo, e bem assim, a outra faceta de sua atuação, como o gerente do tráfico no local. Diante de tais elementos, restam comprovados o vínculo associativo e a permanência para o desenvolvimento do tráfico de drogas, não se configurando mera reunião ocasional de duas ou mais pessoas", escreveu.
No mesmo processo, também foram condenados o pai de Felipe e um terceiro homem.