Delegados Henrique Damasceno (E) e Marcus Amim (D) apontam Corolla como peça importante da facçãoRenan Areias/Agência O Dia
Polícia diz que Corolla era 'maior articulador' de facção na guerra entre criminosos
Willian Sousa Guedes era responsável por invasões ao Morro dos Macacacos e em áreas de Jacarepaguá e Barrinha
Rio - O traficante Willian Sousa Guedes, conhecido como 'Corolla' ou 'Chacota', é apontado como o maior articulador das guerras do Comando Vermelho contra outras facções e grupos milicianos na disputa por territórios. A informação foi divulgada pela Polícia Civil, em coletiva de imprensa, na Cidade da Polícia, nesta quarta-feira (3). O criminoso foi preso nesta manhã, no Jacarezinho, na Zona Norte, durante uma ação contra a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, no Complexo da Maré, na mesma região.
Segundo as investigações, 'Corolla' era chefe do tráfico de drogas do Morro do São João, no Engenho Novo, e há meses liderava tentativas violentas de invasão ao Morro dos Macacos, em Vila Isabel, dominados pelo Terceiro Comando Puro (TCP), ambos na Zona Norte. O criminoso ainda ocupava a posição de 'puxador de guerra' do Comando Vermelho em Jacarepaguá e na Barrinha, na Zona Oeste, onde a facção tenta expandir os domínios.
"Um dos aspectos importantes a se destacar é o grau de comprometimento desse criminoso, justamente com as políticas agressivas e expansionistas do Comando Vermelho no Rio de Janeiro. Sem sombras de dúvida, é o maior articulador dessa guerra, é o homem puxador da guerra do Comando Vermelho. Isso acaba por atingir várias das ações que eles tem cometido em vários bairros do Rio de Janeiro", disse o chefe do Departamento-Geral de Polícia Especializada, delegado Henrique Damasceno.
De acordo com o secretário de Estado de Polícia Civil, delegado Marcus Amim, o criminoso era monitorado desde dezembro do ano passado e agentes já haviam tentado o prender três vezes, durante outras ações. A partir de dados obtidos nessas ocasiões, as investigações conseguiram traçar movimentações e envolvidos na disputa territorial.
"Nós identificamos alguns personagens nesse contexto e o Willian era o principal deles. Ele era o responsável pelo enfrentamento no Grajaú, da comunidade do São João com a comunidade dos Macacos, e também tinha atuação bastante efetiva no enfrentamento na região de Jacarepaguá e Barrinha, por ter esse perfil", explicou Amim.
Além do Morro do São João, Corolla também já foi chefe da favela de Manguinhos, na Zona Norte, e passou a ser considerado homem de confiança do traficante Wilton Quintanilha, o Abelha, umas das principais lideranças do Comando Vermelho. De acordo com o secretário, a prisão do bandido representa uma dificuldade na restruturação da facção criminosa, além de impactar a disputa entre grupos rivais.
"O cara que sai e vai realizar esse enfrentamento, não é qualquer pessoa da facção, não basta querer, não basta ter vontade, ele acaba se especializando. Atualmente, o apelido dele é Corolla, a gente da DRE conhece ele como Chacota de Manguinhos, bem antigo, tem muito tempo de estrada, é indivíduo conhecedor de enfrentamentos entre facções. Então, esse tipo de peça quando se retira, a recomposição é muito mais difícil e, com certeza, há um arrefecimento da guerra", disse.
O delegado ainda explicou a diferença entre os financiadores e os criminosos que atuam nos ataques. "Ele (Corolla) não era o financiador dessa guerra, o financiador da guerra é outro traficante ou outros traficantes, ou um conjunto de traficantes da facção criminosa que faz uma espécie de fundo para isso. Ele era uma peça de tática, de combate, de atuação na ponta. Então, quando você retira esse tipo de indivíduo, é mais difícil a facção repor essa peça do que um patrocinador, porque o patrocinador, na verdade, é o fundo, é só um gestor", concluiu.
Após a prisão, realizada pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), com apoio da Subsecretaria de Inteligência (SSINTE) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), Corolla foi encaminhado para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho. Contra ele, havia 54 anotações criminais e nove mandados de prisão preventiva. William também é um dos suspeitos de envolvimento na morte de um PM, em janeiro de 2019, durante uma tentativa de arrastão na Linha Amarela.
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