Pinguim foi encontrado na areia da Praia do Leblon, entre os postos 11 e 12Reprodução / Redes sociais
Pinguim é encontrado na areia da Praia do Leblon, na Zona Sul. Ele foi resgatado, e está magro e hipotérmico, de acordo com a empresa responsável.#Pinguim #Leblon #ODia
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O estudante Yannick Defferrard, de 23 anos, estava andando pela areia com o amigo Marcos Vinicius Lopes, 21, quando encontraram o animal. "Ele parecia machucado, estava com dificuldades para andar. Nós ligamos para os bombeiros e eles disseram que era para acionar a prefeitura para o resgate", disse Yannick.
"Ligamos para os canais da prefeitura e, depois de um tempo, disseram que iriam enviar ajuda, mas que poderia demorar até 24 horas. Tivemos que ir embora, e uma veterinária ficou lá com ele, aguardando. Ainda bem que já foi resgatado, fiquei feliz", completa Yannick.
Por volta das 23h15, a estudante Júlia Ferreira, 25, encontrou o animal nas escadas do calçadão em frente à Rua General Venâncio Flores - cerca de dois quarteirões à frente de onde havia sido visto inicialmente, um pouco mais próximo do Posto 12 da praia. Júlia alegou que o pinguim "parecia estar morrendo".
A bióloga Jéssica Nigro, mestre em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de P.O.A pela Universidade Federal Fluminense (UFF) explicou que o animal é um pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus), assim como o que foi encontrado em uma praia em Niterói, na Região Metropolitana, no último sábado (13).
Segundo a bióloga, a espécie, identificada pelo "colar" de penas brancas no pescoço, costuma se deslocar anualmente, por volta do mês de abril, para a costa brasileira. Isso acontece por conta das baixas temperaturas e escassez de alimento na região onde vivem, que é na Patagônia argentina e chilena, e nas Ilhas Malvinas.
"O nosso inverno é uma estação quente para eles, que retornam para seu ambiente por volta de setembro a outubro, que é quando inicia o período da reprodução e construção dos ninhos. Mas, com essa migração toda em busca de alimento e calor, eles ficam muito cansados, desidratados e hipoglicêmicos, muitos se perdem do bando e encalham, outros morrem no trajeto", contextualiza Nigro.
A especialista esclarece que o pinguim-de-Magalhães não depende do gelo para sobreviver: "Por isso, eles formam bandos para enfrentar as correntes frias das Malvinas e encontrar abrigo e alimento, principalmente a anchoita na costa brasileira. As aparições ocorrem mais no litoral sul, porém, alguns avançam para o sudeste e, raramente, são encontrados no nordeste."
Nigro destacou que o pinguim na Praia do Leblon poderia estar descansando, devido a esse longo percurso até as águas brasileiras. "Isso é comum, ele está cansado, desidratado e precisando repousar um pouco. Se for somente isso, ele vai dar um tempo, relaxar, e retornar ao mar, porém, se estiver doente, não vai ter forças para voltar."
"[Após o resgate], os órgãos que monitoram e reabilitam este tipo de animal farão os exames e dietas necessários e, se ele estiver bem, vão devolvê-lo ao mar. Caso não esteja, será encaminhado a um centro de reabilitação", finaliza a bióloga.
Outros pinguins da espécie também foram resgatados em Maricá e em Itaipuaçu, distrito do município, também na Região Metropolitana do estado.
*Reportagem do estagiário Gabriel Rechenioti, sob supervisão de Marcela Ribeiro
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