Rio - Depois de um protesto na porta da 17ª DP (São Cristóvão), mais uma família defende que uma das presas no escritório que vendia falsos consórcios, em Rocha Miranda, Zona Norte, não sabia que se tratava de um golpe. Segundo uma amiga de Fernanda Xavier, de 30 anos, uma das 22 pessoas detidas, ela estava no emprego desde janeiro, mas nunca passou pela cabeça que os acordos firmados eram criminosos.
"Eu e ela trabalhávamos juntas em uma loja de materiais de festa até o fim do ano passado, mas essa loja fechou e fomos mandadas embora. Foram seis anos lado a lado. Conheço ela, sei que encontrou essa vaga em um aplicativo de vagas, fez entrevista e realmente acreditava se tratar de um emprego digno", dosse Rafaela Soares, colega de Fernanda, que está presa desde o último dia 27.
A investigação da Polícia Civil apontou que no local eram negociadas falsas cartas de crédito, que são documentos financeiros usados para comprar bens, como motocicletas, carros, caminhões, entre outros bens.
As vítimas do golpe deveriam fazer um depósito no valor de 10% do valor da carta de crédito que pretendiam. Os valores iam para uma conta indicada pelos atendentes. "Ela começou lá em janeiro deste ano. Sei que fez uma venda na primeira semana e foi ficando pela necessidade", afirmou a amiga.
Ainda de acordo com Rafaela, Fernanda mora no Parque União, no Complexo da Maré, mas não tem família no Rio. A mulher está presa há 11 dias, enquanto aguarda a formalização das acusações por parte do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
No momento, a defesa de Fernanda tenta um habeas corpus para que ela aguarde as acusações em liberdade. "Minha atuação está sendo no pedido de liberdade dela, ou seja, para que a gente faça o possível para que a prisão preventiva dela seja revogada. Já impetrei um habeas corpus e esse habeas corpus aguarda uma decisão liminar, em que a desembargadora da 3ª Câmara Criminal entendeu que só proferiria essa decisão após a chegada de informações por parte do juiz de primeiro grau", comentou o advogado Darlan Almeida.
Famílias fazem protesto
Na tarde do último domingo (4), parentes de outros presos na ação da 17ª DP (São Cristóvão) fizeram um protesto na porta da distrital pedindo justiça pelos detidos. Os familiares levaram cartazes e faixas para o local. Segundo o grupo, muitos haviam sido contratados recentemente e também não sabiam que o trabalho se tratava de um golpe. Rafaela conta que ela e o marido de Fernanda tentaram participar do ato, mas não conseguiram.
"Ela só tem o marido e os amigos. O restante da família está todo no Nordeste. Ela é uma boa pessoa e tenho certeza que jamais compactuaria com uma falcatrua como essa", disse.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.