Flávio da Silva Santos foi conduzido à DHC nesta quarta (9)Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Flávio da Silva Santos, presidente da Mocidade, tem prisão em flagrante convertida em preventiva
Defesa alega que arma encontrada próxima à residência do mandatário não era dele
Rio – Em audiência de custódia na tarde desta quinta-feira (10), no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), no Centro, Flávio da Silva Santos, presidente da Mocidade Independente de Padre Miguel, teve a prisão em flagrante, consumada na véspera, convertida em preventiva. Segundo a Polícia Civil, ele jogou uma arma calibre 40, de uso restrito, pela janela de seu apartamento, quando agentes da corporação e do Ministério Público do Rio de Janeiro chegavam para cumprir mandado de busca e apreensão.
Flávio da Silva Santos – assim como Rogério de Andrade, contraventor e patrono da Mocidade – é alvo de operação conjunta por suposta participação no assassinato, em setembro de 2021, de Fábio Romualdo Mendes, um rival na disputa pela exploração de áreas dominadas por Rogério.
Entretanto, por conta da arma localizada em um canteiro, além de munições do mesmo calibre encontradas e apreendidas no interior da residência, o mandatário da agremiação da Zona Oeste – também conhecido como Flávio da Mocidade – foi autuado em flagrante por porte ou posse ilegal de arma de fogo de uso restrito.
Carlos Lube, defesa de Flávio, argumentou na quarta (9), ainda na porta da delegacia, que a arma jogada no canteiro não pertence ao cliente dele.
Após a decisão na audiência de custódia, a Mocidade se pronunciou por meio de nota, na qual “ressalta que não tem relação com eventuais investigações”. A agremiação destacou ainda que está “focada nas atividades sociais com a comunidade e na preparação para o Carnaval 2025”.
A operação
Batizada como Fissão, a operação é fruto de denúncia do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Geco) do MPRJ contra quatro pessoas pelo homicídio qualificado de Fábio Romualdo Mendes. São eles: o ex-policial militar Thiago Soares Andrade Silva, Anderson de Oliveira Reis Viana, Rodrigo de Oliveira Andrade de Souza e o policial militar Bruno Marques da Silva.
Pela última atualização do MPRJ, Bruno foi o único preso durante a operação. Os mandados contra Thiago e Rodrigo foram cumpridos em presídios, pois eles já se encontravam encarcerados. O segundo, a propósito, está detido desde dezembro de 2021 pela acusação do homicídio, a tiros, de um homem em um posto de combustíveis em Realengo, na Zona Oeste, um ano antes. As diligências para localizar Anderson, foragido até o momento, seguem.
Já os mandados de busca e apreensão tinham como destinos endereços ligados não só a Rogério de Andrade e Flávio da Silva Santos, mas também ao PM Adriano da Rocha Muniz e a José William Fernandes de Assis, igualmente investigados por possível envolvimento na execução de Fábio Romualdo Mendes.
Dentre os alvos de busca, ainda constam o policial militar da reserva Márcio Araújo de Souza, chefe da segurança de Rogério de Andrade, e os policiais militares Marcos Araújo de Souza e Ramon Malta Moreira. Contra eles, há a suspeita de ocultamento de provas vinculadas ao assassinato.
Ainda sobre a operação, até o momento, o MPRJ comunicou que estão entre as apreensões dispositivos eletrônicos, valores em reais, moedas estrangeiras, documentos e três aves silvestres. Os itens serão analisados como parte das investigações.
Já os animais foram encaminhados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Seropédica, na Baixada Fluminense. O investigado foi conduzido à delegacia, onde assinou termo circunstanciado.
Procurada sobre o envolvimento de agentes, a Polícia Militar informou que colabora integralmente com as ações desencadeadas e que a Corregedoria instaurou um procedimento para acompanhar o caso.
"Vale ressaltar que o comando da corporação não compactua com desvios de conduta ou cometimento de crimes por parte de seus entes, punindo com rigor os envolvidos quando constatados os fatos", informou em comunicado.
O crime
Segundo investigações, mandantes do homicídio, integrantes de um subgrupo liderado por Flávio, contrataram os serviços do matador Jhonathan Borges dos Reis, conhecido como ‘Esquilo’, para a execução do assassinato.
A vítima foi morta em setembro de 2021, por volta das 9h, na Estrada dos Bandeirantes, em Vargem Pequena. Na ocasião, Fábio estava em seu veículo, aguardando a mulher que tinha ido ao posto de saúde, momento em que dois homens em uma motocicleta pararam próximo ao carro e atiraram.
A reportagem tenta contato com a defesa de outros envolvidos. O espaço está aberto para manifestações.
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