Alessa Brasil Vitorino, de 30 anos, foi baleada e morta na Vila do João, no Complexo da MaréReprodução/Redes sociais

Rio - Alessa Brasil Vitorino, de 30 anos, que morreu após ser atingida por uma bala perdida no Complexo da Maré, na Zona Norte, no momento em que policiais civis e militares realizavam uma nova fase da Operação Torniquete, será enterrada, na tarde desta quarta-feira (11), no Cemitério Memorial Parque Nycteroy, em São Gonçalo, na Região Metropolitana. O velório está marcado para às 10h e o sepultamento, às 15h.
Alessa levava uma amiga para a comunidade Vila do João no momento em que foi atingida nas costas nesta segunda-feira (9). Uma imagem que circula nas redes sociais mostra uma mulher baleada sendo carregada na garupa de uma moto. 
Em uma postagem, Alexsey Vitorino lamentou a perda da irmã. "Estou tentando escrever algo que consiga expressar os meus sentimentos, mas nenhuma palavra nesse mundo será capaz de demonstrar isso. Nos vemos na eternidade."
Além da vítima, sua amiga, Evellyn Tainá Aguiar, de 20 anos, também foi baleada. A jovem foi evada para o Hospital Municipal Souza Aguiar com um tiro na perna. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, ela já recebeu alta.
Segundo o secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP) podem ter disparado contra a população como forma de tirar o foco da operação realizada no Complexo da Maré. Ainda segundo ele, esse seria o modus operandi adotado pelo grupo criminoso, o mesmo realizado no Complexo de Israel, em outubro deste ano.
"A investigação da Delegacia de Homicídios vai seguir. Tudo leva a crer que foi para atirar contra a população e desviar a atenção da polícia. É a nossa principal linha de investigação, mas nenhuma hipótese está descartada", disse em coletiva.
Operação
A segunda fase da Operação Torniquete, realizada nesta segunda-feira (9), terminou com três mortos e 13 presos. Entre os presos está o traficante Luiz Mário dos Santos Júnior, o Mário Macaco, apontado como uma das lideranças do Comando Vermelho (CV).
Ao todo, 68 veículos foram recuperados, seis fuzis apreendidos, além de duas pistolas, duas granadas e mais de 150 kg de drogas. Também foram apreendidos celulares e outros dispositivos eletrônicos. Os policiais localizaram dois pontos de clonagem, com diversos carros de luxo, e um ferro-velho clandestino, com materiais metálicos furtados e roubados de concessionárias.

"O resultado da operação de hoje na Maré demonstra um intenso trabalho integrado entre as forças policiais. Atuamos com inteligência e precisão e estamos focados no enfraquecimento dessas organizações criminosas que vêm impondo medo à população", disse o secretário de Segurança Pública, Victor Santos.
"Combatemos facções criminosas que são responsáveis por 80% dos roubos de veículos e por 90% dos roubos de cargas. O veículo roubado é fonte de receita. A carga roubada tem liquidez imediata. Nós atuamos contra as lideranças, mas muito mais para atacar as finanças dessas organizações", destacou o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi.
Durante a operação na Maré, a Polícia Militar atuou com as forças especiais e o suporte do Núcleo de Apoio às Operações. Foram retiradas mais de duas toneladas de barricadas. "As operações policiais nas comunidades do Rio de Janeiro são de alta complexidade, com implicações em diferentes esferas. Um dos grandes obstáculos que as equipes policiais encontram hoje são as barricadas, que impedem o morador de ter o seu direito básico de locomoção. Mas nada irá nos impedir de atuar nessas regiões. Reafirmamos nosso compromisso com a segurança pública e iremos coibir todos os atos criminosos em nosso estado", explicou o secretário de Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes.
Por conta da operação, a Linha Amarela, a Linha Vermelha e a Avenida Brasil chegaram a ser fechadas. Segundo relatos, houve troca de tiros na altura da Vila do João, no momento que criminosos estariam tentando fugir da comunidade. A Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que na região do Complexo da Maré, 42 unidades escolares foram impactadas. De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), duas escolas da rede estadual precisaram ser fechadas.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), as Clínicas da Família (CF) Augusto Boal, Adib Jatene, Jeremias Moraes da Silva e o Centro Municipal de Saúde Vila do João anunciaram o protocolo de acesso mais seguro e interromperam o funcionamento. Já a CF Diniz Batista dos Santos mantém o atendimento à população, mas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, estão suspensas.