Fundadores do Reduto Pixinguinha e músicos foram homenageados na Câmara em abrilCléber Mendes / Agência O Dia

Rio - O Reduto Cultural do Choro Alfredo da Rocha Viana Filho, conhecido como Reduto Pixinguinha, em Olaria, na Zona Norte, foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio. O decreto foi sancionado pelo governador Cláudio Castro nesta quarta-feira (11).

A Praça Ramos Figueira passou a ser popularmente chamada de Reduto Pixinguinha após a criação de uma roda de choro no local, em 2012. Desde então, o evento conquistou os moradores da região e amantes do ritmo. Até a atualidade, as apresentações acontecem todo terceiro domingo do mês.

"O Poder Executivo, através de seus órgãos competentes, poderá apoiar as iniciativas que visem à valorização e divulgação deste bem imaterial do Estado", ressaltou o texto da lei, que já entrou em vigor na data da publicação.

Com raízes na cultura europeia, o choro absorveu influências africanas em sua sonoridade e se consolidou como um estilo tipicamente brasileiro. Os primeiros grupos surgiram no final do século XIX, nos subúrbios do Rio. Ao longo do tempo, mesclando improvisação com ritmos marcantes, o ritmo se destacou como uma das primeiras manifestações musicais cariocas.

Em 2013, Luiz Carlos Nunuka, de 71 anos, criador do reduto, decidiu formar o coletivo Trem do Choro, inspirado pela adesão do público à roda. Desde o início, o movimento, que já soma 11 anos, conta com uma parceria especial com a SuperVia. Todos os anos, no Dia Nacional do Choro, celebrado em 23 de abril, a empresa disponibiliza um trem para que os músicos ocupem os oito vagões e viagem da Central do Brasil até Olaria ao som de cavaquinho, pandeiro, violão, bandolim e outros instrumentos. Neste ano, eles foram homenageados na Câmara dos Vereadores.

Trajetória de Pixinguinha

Pixinguinha (1897-1973) é o principal expoente da história do gênero e da MPB. Antigo morador de Olaria, o músico tem entre seus maiores sucessos, a canção "Carinhoso", escrita em 1916. Outras grandes obras do artista são "Sofres Porque Queres", "Rosa” e "Um a zero".

Junto de Donga (1889-1974) e João da Baiana (1887-1974), Pixinguinha formou Os Oito Batutas, primeiro grupo de choro a alcançar projeção internacional. O conjunto fez grande sucesso na França e na Argentina, e se manteve até 1931. Os três líderes são conhecidos como a "Santíssima Trindade do Samba".

Em agosto, o muro do Instituto Zeca Pagodinho, em Xerém, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ganhou uma pintura em homenagem ao trio. Pintada em um espaço de 60 m², a obra é dividida em quatro cenas que contam a história dos músicos.

Depois da separação do grupo, Pixinguinha seguiu em carreira solo, além de trabalhar como professor de música. Seus últimos arranjos foram feitos em 1970, antes de se aposentar. Morreu em 1973, em decorrência de um infarto.
Em fevereiro de 2024, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconheceu o choro como o 53° Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.