José Mota da Silva morreu enquanto aguardava atendimento na UPA da Cidade de DeusReprodução / Redes sociais

Rio - A Justiça do Trabalho concedeu, nesta quinta-feira (19), uma liminar para que as filmagens das câmeras de segurança da UPA da Cidade de Deus, na Zona Oeste, entre os dias 11 e 13 de dezembro, sejam anexadas ao processo que o Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem (Satem-RJ) move contra a RioSaúde. Nesta semana, a Prefeitura do Rio demitiu 20 funcionários da unidade depois que José Augusto Mota da Silva, de 32 anos, morreu na sala de espera, enquanto aguardava atendimento na última sexta-feira (13). O Satem-RJ classificou as demissões como "injustas e arbitrárias".
De acordo com a decisão da 57ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, as filmagens precisam ser disponibilizadas em até 48 horas, sob pena de multa diária R$ 200, com limite de R$ 10 mil. Além disso, documentos de atendimento e supervisão também devem ser anexados ao processo.
O desligamento dos 20 profissionais foi anunciado pelo secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, por meio de suas redes sociais. O líder da pasta ainda ressaltou que os demitidos responderão a uma sindicância e serão denunciados aos seus respectivos conselhos de classe. Na terça-feira, a prefeitura comunicou que as vagas na UPA da Cidade de Deus foram repostas com convocados em concurso público da RioSaúde.
Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que a decisão judicial será cumprida e as imagens serão entregues à Justiça, assim como os nomes dos técnicos de enfermagem demitidos.
"A RioSaúde reforça que o julgamento dos profissionais em relação às suas condutas será realizado pelos respectivos conselhos de classe, já que os mesmos não fazem mais parte dos quadros de funcionários da instituição", ressaltou a pasta.
O caso
De acordo com relatos, José Augusto da Silva deu entrada na UPA, na noite da última sexta-feira (13), com fortes dores pelo corpo. Em imagens que circulam nas redes sociais, é possível ver o homem desacordado em uma cadeira da recepção. Outro vídeo mostra ele, já sem vida, em uma maca sendo levado à Sala Vermelha, enquanto pacientes questionam uma funcionária por conta do ocorrido.
Na ala médica, foi constatada parada cardiorrespiratória. A SMS disse, em nota, que a coordenação abriu uma sindicância e utilizará as imagens e registros nos prontuários para "apurar o caso rigorosamente".
Os profissionais, por sua vez, relataram à pasta que "o paciente estava lúcido e entrou andando na unidade, acompanhado por uma pessoa que informou não poder permanecer no local" e que, após isso, tudo aconteceu muito rápido. Entre os demitidos da UPA, seis eram técnicos de enfermagem.