Éder José acredita que, pelo valor, deveria haver o mínimo de conforto nos transportesArmando Paiva/Agência O Dia

Rio - Usuários de ônibus da cidade do Rio de Janeiro criticaram o reajuste na tarifa dos transportes públicos, publicado nesta quinta-feira (2) no Diário Oficial do município. O valor teve um aumento de 40 centavos, passando de R$ 4,30 para R$ 4,70 a partir do próximo domingo (5).

A reportagem de O DIA esteve no Terminal Intermodal Gentileza, no Santo Cristo, Zona Portuária, e ouviu diversos usuários da rede pública de transporte que desaprovaram o aumento. Segundo os passageiros, o reajuste é exagerado e o valor cobrado não condiz com os serviços prestados.

"A maioria dos ônibus não têm ar condicionado, e com esse calorão é complicado. Tem linhas que os ônibus são mal conservados", disse Elcio Soares, de 52 anos.

Morador da Pavuna, na Zona Norte, Elcio pega ônibus todos os dias no Terminal Gentileza para ir ao trabalho, no Flamengo, Zona Sul. Para ele, o aumento das tarifas vai trazer um impacto considerável no bolso dos cariocas.

"São 40 centavos por dia, mas no final do mês vai ter um impacto grande no bolso", reclamou.

Éder José, de 42 anos, mora na comunidade da Maré, trabalha como zelador em Botafogo, na Zona Sul, e passa todos os dias no Terminal Gentileza. Segundo ele, o aumento é um exagero.

"No final do mês faz uma diferença muito grande para a gente que é assalariado. Para mim, é exagero. O valor acaba não sendo condizente com o serviço. Tem muitos ônibus sem ar condicionado, e por esse valor deveria haver o mínimo de conforto. O BRT, por enquanto, está legal. Mas os outros ônibus deixam a desejar. Alguns estão quebrados e até barata eu já achei dentro deles", expôs.

Silvana Ismael, de 54 anos, também criticou a nova tarifa. Morando na Penha e trabalhando em São Cristóvão, ambos na Zona Norte, Silvana reforçou que o valor vai pesar. "Vai impactar muito, vai ficar muito salgado. Ida e volta, no fim mês fica um dinheirão", disse.

Daiana Pereira, de 37 anos, considerou o aumento exorbitante, principalmente por causa da precariedade dos ônibus. De acordo com ela, que vai todos os dias da Penha para o Leblon, Zona Sul, o reajuste vai criar contratempos para os usuários.

"Esse aumento vai trazer um transtorno, porque já tem patrão que fica receoso de pagar passagem. Fora a precariedade dos ônibus, que não tem ar condicionado, chove dentro, tem baratas", criticou ela, que todos os dias saí da Penha para o Leblon, na Zona Sul.

Carlos Alberto dos Santos, de 43 anos, utiliza o BRT todos os dias para ir de casa, em Guaratiba, na Zona Oeste, para trabalhar como pintor em vários lugares da cidade. Segundo ele, embora os articulados estejam conservados, o aumento da tarifa ultrapassou o esperado.

"Achei um aumento exagerado. Mesmo que a condição [do BRT] esteja legal, deveria ser mais barato, pois é mais um custo para o trabalhador. Acaba que o preço não é condizente com o serviço", reclamou.

O reajuste das tarifas dos ônibus foi anunciado nesta quarta-feira (1) pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) durante uma coletiva de imprensa após o discurso de posse do seu quarto mandato, no Palácio Pedro Ernesto, na Cinelândia, Centro do Rio.

"A passagem do ônibus vai para R$ 4,70. Estamos atendendo ao IPCA do período em que não houve ajuste. Quero sempre lembrá-los que a prefeitura passou a subsidiar a passagem. É importante ter essa cultura do reajuste anual para que a gente não venha a ter o orçamento do município desequilibrado", afirmou.
* Reportagem do estagiário João Pedro Bellizzi, sob supervisão de Iuri Corsini.