Joaquim Osterne tirou fotos com a mulher e a sogra na casaPedro Teixeira / Agência O Dia
'Forma de homenagear o filme': fãs visitam casa de 'Ainda Estou Aqui'
Longa foi indicado ao Oscar 2025 nas categorias Melhor Filme e Melhor Filme Internacional. Fernanda Torres concorre como Melhor Atriz
Rio - A casa onde foi gravado o filme 'Ainda Estou Aqui', na Rua Roquete Pinto, na Urca, Zona Sul, transformou-se de vez em um dos personagens mais importantes do longa, que nesta quinta-feira (23) foi indicado em três categorias do Oscar 2025. Para celebrar o dia histórico do cinema brasileiro, fãs estiveram na residência e tiraram fotos na fachada.
O advogado Joaquim Osterne, de 33 anos, levou a mulher Larissa Maranhão e a sogra Magda Maranhão para conhecer a casa. A família, que mora em João Pessoa, na Paraíba, chegou no Rio de Janeiro no último sábado e não teve dúvidas: incluiu o cenário do filme no roteiro de viagem.
"Nós gostamos muito da história. Já tínhamos essa viagem marcada e decidimos adicionar a casa no passeio, também vimos que outros turistas estavam indo. A gente iria amanhã, mas acordamos com a notícia das três indicações e antecipamos! É uma forma de homenagear o filme. Inclusive, a gente vai até assistir de novo, para ver sob outra perspectiva. A casa é linda, foi bem emocionante", contou Joaquim.
O filme concorre nas categorias Melhor Filme e Melhor Filme Internacional. Já a atriz Fernanda Torres, que interpreta a advogada Eunice Paiva, é candidata ao prêmio de Melhor Atriz. O turismólogo Matheus França, de 28 anos, contou ao DIA que a obra o ajudou a entender como funcionava a perseguição durante a época da Ditadura Militar brasileira. Após ficar emocionado ao ver o longa-metragem, ele também esteve na casa para tirar uma foto.
"Foi o primeiro filme que eu vi sobre ditadura no Brasil. Foi um tabu quebrado para mim, eu não tinha muita noção. Já tinha lido alguns livros, imaginava como era, mas nunca tinha visto. No dia que eu fui assistir no cinema, tinha muitos idosos na sala e acredito que eles viveram esse período. Todos ficaram muito emocionados, e eu também. Visitando a Urca, senti tudo que foi passado no filme. Parecia literalmente que eu estava nas cenas ali", disse Matheus.
"A importância do filme e fazer com que a gente tenha o privilégio de ter um filme sobre a ditadura no Brasil, nos tempos de hoje. Poder passar isso para todo mundo e ser aclamado. Isso foi uma das mensagens mais importantes. É a vitória da arte brasileira", concluiu.
Na categoria Melhor Filme - a principal da premiação - "Ainda Estou Aqui" concorre com "Anora", "O Brutalista", "Um Completo Desconhecido", "Conclave", "Duna: Parte 2", "Emilia Pérez", "Nickel Boys" e "A Substância".
Nas redes sociais, Fernanda Torres celebrou sua indicação ao Oscar. "A vida presta e muito. Confie. Beijo imenso, Fernanda", escreveu a atriz, que repete o feito da mãe, Fernanda Montenegro, indicada pela atuação em "Central do Brasil", em 1999. Na ocasião, o filme de Walter Salles concorreu na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, e Montenegro foi indicada a Melhor Atriz.
Selton Mello, de 52 anos, que interpreta Rubens Paiva no filme "Ainda Estou Aqui", também comemorou as indicações. "Fizemos um filme. Ele nasceu vitorioso por motivos variados: por lembrar o que jamais pode ser esquecido, comover com uma beleza austera, encher as salas de cinema de novo, levar nossa sensibilidade para o mundo. Por recuperar nossa autoestima cultural, abrir tantas portas para outros que virão, restaurar o amor pelo cinema brasileiro, ter criado algo emocionalmente poderoso, por alcançar o raro equilíbrio entre estética e ética".
"Por ser sublime em sua justa simplicidade. Muitas camadas. Nosso país precisava desse filme, o mundo todo precisava desse filme nesse exato momento. Três indicações ao Oscar com a de melhor filme nós entramos para a história para sempre. Ainda estamos aqui. Eunice, Rubens, nós e vocês", concluiu Selton.
Premiados
Fernanda Torres ganhou recentemente o Globo de Ouro por sua atuação no longa, dirigido por Walter Salles. Ela interpreta Eunice Paiva, casada com Rubens Paiva. Após o marido ser sequestrado por militares nos anos 70, no auge da Ditadura Militar, ela tenta descobrir o paradeiro do marido e se reinventar para criar seus cinco filhos sozinha.
A obra é uma adaptação de livro do escritor Marcelo Rubens Paiva - filho de Eunice e Rubens - estreou nos cinemas no dia 7 de novembro.
O longa também conquistou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza e Fernanda Torres ganhou como Melhor Atriz em Filme Internacional no Critics Choice Awards, nos Estados Unidos. Na segunda-feira (20), a atriz e o filme foram premiados pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA).
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