Rio - Imagens impressionantes mostram como ficou a casa de uma moradora do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, durante a megaoperação das polícias Civil e Militar, nesta sexta (24). Nos registros é possível ver diversas marcas de tiros no que restou do muro do terreno e também na parede da casa. "Olha a casa da dona Íris como ficou, tudo furado", disse a vizinha da idosa durante a gravação. Veja o vídeo abaixo:
Apesar do cenário de guerra e destruição, ninguém no imóvel ficou ferido. Não foi apenas na casa da dona Íris que houve destruição. Nas redes sociais, diversos moradores relataram terem tido seus imóveis alvejados com tiros de fuzis durante um intenso confronto na comunidade que começou nas primeiras horas da manhã.
Um outro morador denunciou que um drone teria jogado uma granada dentro da sua casa. A mulher dele ficou levemente ferida nas pernas por causa dos estilhaços. "Jogaram uma granada de um drone na minha varanda, acabou com minha casa. Quase morremos aqui, eu e a minha família", conta Jeronimo Gomes da Silva, de 44 anos, em um vídeo gravado para o jornal comunitário Voz das Comunidades. Confira abaixo:
GRANADA LANÇADA NA CASA DO MORADOR!
Jeronimo Gomes da Silva, de 44 anos, relatou que uma granada foi lançada por um drone dentro de sua casa nesta sexta-feira(24) no Complexo do Alemão.
“Jogaram uma granada de um drone na minha varanda, acabou com minha casa. Quase morremos… pic.twitter.com/53SaEzgYMB
No início da tarde, ainda em meio ao tiroteio durante a megaoperação, moradores estenderam panos brancos na janela enquanto gritavam pedindo paz na comunidade. Às 16h, cerca de 10 horas depois do início da operação, ainda era possível ouvir trocas de tiros no Complexo do Alemão.
Na ação, que também ocorre na Penha, cinco pessoas morreram e nove ficaram feridos. Entre as vítimas estão moradores e trabalhadores.
No momento em foi atingido, a vítima estava de mochila, que ficou com marcas de tiro, já bem perto do ponto de ônibus. Ele teria sido baleado nas costas. Logo após os disparos, familiares de Carlos estiveram no local, enquanto aguardavam a remoção do corpo. Indignados e desolados, os parentes pediam por Justiça e carregaram cartazes com frases como: "Mais um inocente trabalhador. Nego vive!" e "Desde 4h30 da manhã, vamos esperar mais o que?"
Ainda durante a operação, um jovem e um policial militar foram baleados na comunidade. O agente Diogo Marinho Rodrigues Jordão e o morador identificado como Wander Souza dos Santos foram socorridos e encaminhados ao Hospital Estadual Getúlio Vargas. O estado de saúde do PM é grave, enquanto o do rapaz é estável. Nas redes sociais, amigos e familiares do agente iniciaram uma campanha de doação de sangue para ele.
De acordo com a Polícia Civil, um foragido da Justiça foi preso na operação. Na comunidade da Fazendinha, equipes também estouraram um desmanche de veículos roubados, localizaram um imóvel com cerca de 1 tonelada de drogas e encontraram uma estufa de maconha. Os entorpecentes foram apreendidos e serão periciadas. Uma granada foi encontrada em uma rua do Complexo do Alemão e recolhida para perícia.
Megaoperação conta com 500 policiais
A ação policial no Complexo do Alemão e na Penha ocorre no dia do aniversário do criminoso Edgard Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso, chefe do tráfico da Penha. Considerado um dos traficantes do alto escalão no Comando Vermelho e um dos criminosos mais procurados do Rio, o criminoso completa 55 anos nesta sexta-feira (24). Doca, que batizou a sua quadrilha como "Tropa do Urso", está à frente, segundo as investigações da Civil, de dezenas de invasões sangrentas em comunidades do estado nos últimos três anos.
Cerca de 500 policiais ainda atuam na região com apoio de 12 veículos blindados, dois helicópteros, além dos equipamentos para remoção de obstáculos das vias, operados pelo Núcleo de Apoio às Operações Especiais (NAOE). O Grupamento Especializado de Salvamento e Ações de Resgate (GESAR) também atua preventivamente com o emprego de uma ambulância blindada.
Participam da operação equipes do Comando de Operações Especiais (COE) - através do Bope, BPChq, BAC e GAM - das Rondas Especiais e Controle de Multidões (Recom), do Batalhão Tático de Motociclistas (BTM), com apoio de quase 20 Batalhões de Áreas, do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) e das unidades da Polícia Civil: Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPE), Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) e Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC).
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