Cristina Pages foi transferida de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, para o Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião, na Gamboa, zona portuária do RioMauricio Bazilio / Divulgação

Rio - O estado do Rio registrou o primeiro caso de uma gestante com dengue em 2025. No sábado passado (15), Cristina Pages foi transferida do município de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, para o Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS), no bairro da Gamboa, na Zona Portuária.

Com 14 semanas de gestação, a paciente foi imediatamente levada para o CTI e avaliada pelo médico intensivista e o obstetra. Cristina apresentava febre de 38 graus e baixo nível de plaquetas (plaquetopenia). Ela foi submetida a exames e apresenta quadro de saúde estável.

"Tive os sintomas clássicos de dengue, que são febre intensa, dor no corpo, dor de cabeça e atrás dos olhos. Depois, comecei a sentir fortes contrações no abdômen. Então, os médicos me transferiram da maternidade para este hospital. Minhas plaquetas chegaram a 28 mil e, depois do tratamento, elas já começaram a subir", disse Cristina.

De acordo com o infectologista José Pozza, a gestante deve procurar imediatamente atendimento médico, pois os sintomas da dengue se assemelham com os de outras doenças.
"Ainda não se sabe por qual mecanismo, mas os casos graves de dengue em gestantes têm maior risco de sangramentos. Alguns dados sugerem que os quadros mais complexos aumentam 400 vezes o risco de morte materna", diz o especialista.

O médico também fala sobre a relação que a doença pode ter com o feto. "No primeiro trimestre, há maior risco de eventos neurológicos no bebê, e no terceiro trimestre, o mais preocupante é o risco de hipertensão gestacional. Apesar de não haver um relato específico de a dengue afetar diretamente o bebê, alguns dados sugerem maior risco de morte fetal. Também existem alguns relatos de risco de dengue congênita, quando a infecção ocorre muito perto do dia do parto", afirma.

Para o infectologista Renato Satovschi Grinbaum, ao suspeitar de dengue, a gestante deve procurar atendimento médico para um rápido diagnóstico. Ela não deve recorrer ao autotratamento, uma vez que nem mesmo a vacina é recomendada para gestantes. Além disso, o organismo da mulher já está mais sobrecarregado, o que aumenta as chances de desidratação e queda da pressão. Por isso, a ingestão de água deve ser reforçada neste período.