Por gabriela.mattos

Rio - Empresários de Barra Mansa encontraram uma alternativa para enfrentar momentos difíceis bem antes da turbulência política enfrentada pelo país. Há seis anos, eles criaram uma cooperativa de crédito na região com taxas menores do que as cobradas por agências bancárias. Hoje, a instituição financeira conta com cerca de 3,5 mil associados e movimentação financeira de R$ 70 milhões, incluindo depósitos feitos pelos associados para investir no negócio e créditos liberados, com empréstimos de até R$ 250 mil para pessoas físicas ou jurídicas. Valores que indicam um crescimento de 50% nos últimos três anos.

A ideia foi citada como exemplo para enfrentar as dificuldades em meio à crise na 9ª etapa regional do Mapa Estratégico do Comércio, do Sistema Fecomércio RJ, que começou ontem no Espaço M, em Barra Mansa. O evento, que engloba palestras e propostas apresentadas de empresários locais aos pesquisadores da FGV Projetos, termina hoje.

Unidade de Barra Mansa foi inaugurada em 2010 e passou por expansãoDivulgação

Ligada ao Sicoob, maior sistema de cooperativa e apontada como a sexta maior instituição financeira do país regulamentada pelo Banco Central, começou em Barra Mansa, mas se expandiu para dois municípios próximos. Além da agência no município, uma segunda unidade do mesmo grupo foi inaugurada em 2010, em Volta Redonda. Três anos depois, surgiu a segunda agência de Volta Redonda. E, em dezembro, Resende entrou para o grupo, com a quarta unidade da cooperativa.

Apesar da expansão e do sucesso da iniciativa, a estrutura administrativa é acanhada. Ajudando a alavancar os lucros. São apenas 30 funcionários em atividade nas quatro agências. Além da estrutura física, a agência ainda possui atendimento virtual com aplicativos para o celular. Os próprios comerciantes são apontados como os principais clientes, já que precisam de uma linha de crédito para investir.

“A cooperativa fortalece a economia local, porque o lucro retorna para os municípios. Temos taxas e tarifas menores, atendimento personalizado e uma remuneração maior para os investidores. Isso acontece porque o custo de operação é menor e temos isenção de alguns impostos, fazendo com que o crédito fique mais barato do que o oferecido pelas agências bancárias”, explica Giovana Simonaci, gerente regional da cooperativa na unidade de Barra Mansa.

FGV investiga burocracia

Pesquisadores da FGV Projetos analisam cerca de mil propostas apresentadas por comerciantes no Mapa Estratégico do Comércio e 350 questionários respondidos sobre burocracia. Ao todo, 85% dos entrevistados responderam que há excesso de burocracia. Outros 15% citaram que há algum excesso.

Os órgãos federais apresentam a pior avaliação entre os analisados, com 86% das respostas indicando dificuldades relacionadas aos trâmites burocráticos. Os órgãos melhores avaliados foram a Junta Comercial e os cartórios, com 48% e 46% de aprovação, respectivamente. A pesquisa solicitou aos comerciantes uma avaliação sobre órgãos estaduais, municipais e agências reguladoras.

“A Receita Federal, por exemplo, está presente em todas as regiões. Apesar disso, é o maior alvo de reclamações dos usuários. O questionário está indicando que os órgãos que prestam serviços públicos, mas que não fazem parte da administração direta, têm avaliação melhor. Passar pelo cartório é uma obrigação imposta pelo poder público, para dar legitimidade aos negócios. A Junta Comercial também apresenta eficiência, de acordo com a avaliação das pessoas que responderam a pesquisa”, analisa Pedro Paulo Gangemi, pesquisador da FGV Projetos.

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