Rio - Eram 11h20 de segunda-feira quando uma fiscal do VLT terminou de verificar se 327 passageiros tinham efetuado o pagamento da tarifa de R$ 3,80. Nenhum deles foi multado porque todos entraram no bonde e validaram espontaneamente o cartão de passagem. Outra fiscal conferiu os bilhetes de 93 pessoas em uma hora, no início da tarde: todas também foram aprovadas.
Pouco mais de seis meses após a inauguração, a impressão dos usuários é de que o VLT tem sido palco de um show de cidadania. A fiscalização começou há três meses. Os passageiros, que desconfiavam da honestidade do carioca antes da estreia do modelo inédito de transporte no Rio, sem estações e roletas, se surpreenderam. A multa por falta de pagamento é de R$ 170 ou R$ 255 para usuários reincidentes, mas é difícil ver alguém ser penalizado.
“As pessoas não levavam fé que o usuário iria pagar a passagem porque o carioca tem essa fama de dar jeitinho para tudo. Mas tem tido bastante fiscalização. Você entra e já tem algum fiscal por perto”, diz a gestora de RH Tatiana Rodrigues, de 25 anos, que nunca presenciou alguém sendo multado. Em tempos de crise, ela dá a dica: “A honestidade dos passageiros deveria servir de exemplo para os políticos no país”.
Média de 23 multas por dia
Os irmãos Mateus Willian, 18, e Isabela Marina Almeida, 23, entrou no VLT e foi direto ao validador, como outros usuários. Ela acha que alguma fiscalização deveria ser adotada também no BRT, onde a taxa de calotes chega a 12%: “No BRT, falta segurança. Sempre tem um funcionário na estação, mas não pode fazer nada”, compara. O engenheiro André Miranda, 56, concorda: “As pessoas começam a ver que têm obrigações. É preciso dar um exemplo de cidadania. O caminho é esse”.