Por bianca.lobianco
O índice de engarrafamento ficou estável na comparação de 2016 e 2015%2C mas transporte público se destacouSeverino Silva

Rio - A reestruturação do Rio para a Copa e os Jogos Olímpicos rendeu à cidade destaque na categoria ‘Transportes Públicos’ em um estudo de mobilidade urbana mundial realizado anualmente pela empresa de GPS e telemetria TomTom. Os novos sistemas de BRT estão entre as menções do prêmio. Já a nota negativa é que a capital também foi classificada como a dona do pior trânsito do Brasil e do oitavo pior do mundo no levantamento.

O estudo ressalta que o tempo extra gasto pelos cariocas no trânsito diminuiu nos dois primeiros anos em que a TomTom compilou os dados brasileiros (2014 e 2015). No primeiro ano, os motoristas do Rio levavam 51% de tempo a mais nos deslocamentos, a qualquer hora do dia, do que em comparação com fluxo sem congestionamento. Em 2015, a taxa caiu para 47%, a mesma observada no levantamento atual, que teve como base dados coletados em 2016.

“O impressionante é que o Rio conseguiu reduzir o índice enquanto se preparava para sediar as Olimpíadas, e isso resultou na capacidade reduzida devido ao fechamento de pistas para efetuar melhorias na infraestrutura”, ressalta o estudo da TomTom.
O documento destaca que a cidade “conseguiu modernizar a infraestrutura rodoviária e os transportes públicos, principalmente o sistema BRT, responsável pelo atendimento a 9 milhões de passageiros por mês”. Outras menções positivas foram ao teleférico do Alemão, por proporcionar conectividade aos moradores das favelas. No entanto, o sistema está desativado por tempo indeterminado desde setembro por falta de pagamento do estado ao consórcio operador. As reduções dos engarrafamentos também são atribuídas ao trabalho do Centro de Operações da prefeitura.

Embora o índice de congestionamento do Rio tenha se mantido nos mesmos 47% de 2015, a cidade tinha ficado em quarto lugar no ranking mundial naquele ano e já tinha o pior trânsito do país.  

Outros pioraram

O melhor desempenho da capital fluminense no mundo em 2016 aconteceu porque Jacarta (Indonésia), Chongqing (China), Bucareste (Romênia) e Chengdu (China) sofreram piora nos resultados, alcançando, respectivamente, o terceiro, quarto, quinto e sétimo lugares na lista. A segunda posição ficou com Bangkok (Tailândia) e a sexta, com Istambul (Turquia). 

164 horas por ano perdidas

Segundo o estudo, os cariocas levam até 81% de tempo a mais no trânsito nos horários de rush da tarde. Isso representa um acréscimo de 164 horas por ano na rotina dos motoristas. O Rio é a única capital brasileira que aparece no ranking global das dez cidades mais congestionadas com população acima de 800 mil pessoas. Primeiro vem a Cidade do México, onde o tempo adicional médio de percurso é de 66% ao longo do dia.

No Brasil, as cidades com maiores congestionamentos depois do Rio são Salvador, com tempo adicional médio diário 40%, Recife (37%), Fortaleza (35%) e São Paulo (30%).
Especialista em mobilidade da Uerj, Alexandre Rojas pondera que os transportes públicos do Rio têm muito a melhorar para estimular o carioca a deixar o automóvel na garagem. “Os ônibus do Rio vêm sofrendo degradação da qualidade do serviço e até o Ministério Público está pressionando a prefeitura para colocar ar-condicionado nos veículos”, avalia.

Rojas também aponta que o trânsito poderia melhorar se as linhas 1 e 4 do metrô estivessem integradas, sem necessidade de baldeação, o que era prometido para dezembro passado. A previsão do MetrôRio agora é iniciar a ligação direta neste semestre, mas sem data definida.

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