Por aline.cavalcante

‘Aí! Você viu essa menina de Magé? O que ela joga é um absurdo! Essa tem potencial pra chegar à seleção brasileira’. A previsão foi de Celso de Siqueira, técnico da equipe de Duque de Caxias, pouco depois de perder, diante da sua torcida, a final do handebol feminino sub-14 para Magé. Ele falava de Rebeca Gregório, a canhota que encheu os olhos de quem acompanhou a terceira rodada dos Jogos da Baixada, disputada no último fim de semana, na vila olímpica de Duque de Caxias. E surge como mais uma promessa do maior evento socioesportivo da região, que já revelou talentos na modalidade, como João Francisco, da seleção brasileira masculina, a ex-jogadora Lucila e Ligia Costa, que acendeu a tocha olímpica dos Jogos neste ano e atua na seleção brasileira júnior.

Desempenho de Rebeca rende bolsa de estudos. No detalhe%2C emoção com título nos Jogos Daniel Castelo Branco

Comandada por Rebeca, a equipe de Magé teve uma campanha irretocável. Na primeira fase, Magé bateu Queimados por 13 a 2. Na semifinal, surpreendeu a favorita Nova Iguaçu, que só não foi campeã no handebol na categoria de Rebeca, com uma vitória por 5 a 2. E na final, derrotou Caxias por 12 a 7. Foram 13 gols marcados por Rebeca — seis deles na decisão. Um desempenho que impressionou até o árbitro da final. Ao acompanhar um dos gols da atleta, olhou para a mesa de arbitragem e balançou a cabeça em sinal positivo lentamente.

Em quadra, Rebeca corria o tempo todo. Quando o time avançava, as companheiras a procuravam para que ela ditasse o ritmo de jogo. Ao se aproximar da área em velocidade, levava vantagem diante das adversárias e atacava com golpes certeiros com a mão esquerda. Quando o time perdia a bola, era a primeira a recompor o sistema defensivo. Com o apito final e a conquista do título inédito, Rebeca se emocionou e foi amparada pela auxiliar técnica. Das lágrimas, foi à euforia quando subiu ao pódio para receber as medalhas de ouro e de melhor jogadora da categoria.

O desempenho teve um efeito colateral imediato. Enquanto brilhava em quadra, os pais recebiam convite para que ela recebesse uma bolsa integral de estudos no Colégio Casimiro de Abreu, em Duque de Caxias, para cursar o primeiro ano do ensino médio no próximo ano. “Ela é talentosa e tem futuro. Isso evidencia o trabalho voltado ao handebol em Magé”, analisa Alcimar Teixeira, professor do colégio e coordenador da equipe de Caxias nos Jogos.

Um talento lapidado pelo professor Pablo Ângelo, que montou uma escolinha voltada para o handebol há quatro anos em Magé. Rebeca foi ‘descoberta’ um ano depois, em meio a uma olimpíada escolar. O trabalho vem rendendo boas campanhas nos Jogos da Baixada. Em 2013 e 2014, Magé ficou em segundo lugar no handebol feminino sub-14. No ano passado, caiu na semifinal. Neste ano, levou o título inédito.

O técnico Joel Teixeira Dutra é ovacionado pelos atletas após a conquista do título masculino sub-17Daniel Castelo Branco

O projeto, que conta com cerca de 60 atletas, já levou três jovens para acampamentos da seleção brasileira de base. Rebeca deve ser a próxima da lista. Quem a viu jogando ficou com a impressão de ter presenciado o surgimento de mais um talento da Baixada.


A tradicional rivalidade no handebol

De um lado, Nova Iguaçu, que já revelou João Francisco, da seleção brasileira, e a ex-jogadora Lucila. Do outro, São João de Meriti, onde surgiu a pivô Lígia Costa, responsável por acender a tocha olímpica dos Jogos da Baixada neste ano. As duas maiores potências do handebol na Baixada disputaram três das quatro finais da modalidade. E Nova Iguaçu levou a melhor em todas.

A disputa mais emocionante foi no feminino sub-17. Nova Iguaçu vencia por 8 a 7, mas São João de Meriti chegou ao empate quando faltavam dois segundos para o fim do jogo. Com isso, o título foi decidido no tiro de sete metros.

Em Nova Iguaçu, o projeto voltado para o handebol é desenvolvido no colégio estadual Antônio da Silva há 30 anos. Em São João de Meriti, também há um trabalho em função do handebol na Escola Municipal Debret.


Descobridores de talentos

O técnico Robson José, de São João de Meriti, ‘descobriu’ a pivô Lígia Costa, da seleção júnior. Neste ano, orientou Kelly Gois, escolhida como destaque no feminino sub-17. O técnico Joel Teixeira Dutra revelou João Francisco, hoje na seleção brasileira de handebol e campeão nos Jogos em 2008.

Ouro com Nova Iguaçu no masculino sub-17, Joel atuou como auxiliar técnico da seleção brasileira júnior. “Mas o mais importante de um projeto como o nosso não é revelar talentos individuais. É ter um trabalho em conjunto. Foi o que prevaleceu nos Jogos”, avalia.

A equipe mantém a mesma base há quatro anos. Em 2012, esse mesmo grupo levou o título sub-14. Neste ano, foi bi no sub-17


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