Por André Gabeh
Rio - Se ninguém der faniquito, se todo mundo ficar de boa a gente sai que nem entrou: na disciplina. - Os bandidos explicaram seus planos pra família Gaguinho com muita calma e profissionalismo. Só um deles estava com a arma a mostra, outro que era caolho como um bode, além de não dar pra saber se estava armado tinha um olhar multi focal que não permitia que ninguém descobrisse pra onde ele realmente olhava. Era fortinho, corpo de quem carrega muita coisa por muito tempo. Amarelado, cor de biscoito de maizena. O armado, cafuso, parecia o coiote do Papa Léguas, franzino, cara de quem não come nada com cebola e que pega infecção urinária quando usa cueca de nylon. Era tão feio que parecia uma daquelas obras de arte que rico compra pra enfeitar a casa, mas que só serve pra espantar neném. Venezuellen gostou daquelas masculinidades pitorescas e algum encosto fetichista tomou corpo de seu corpo.

- Por favor. Não toquem nos meus filhos. Não toquem nos meus filhos. - Venezuellen gritava repetidamente pros bandidos.

- Sossega aí dona. Para de show que a gente não quer tocar em ninguém

- Então me leva. Deixa eles em paz. Eu não aguentaria ver meus filhos sofrendo. - Venezuellen estava offline.

- Minha senhora, a gente quer dinheiro e objetos de valor. Tem nada de sequestro. Estamos de moto, não vamos levar ninguém. Passa esse seu relógio e está tudo bem.

Venezuellen começou a tentar a tirar o sutiã por baixo da camisa estampada com folhas de samambaia.

Feia impediu a loucura da mãe e a ajudou a entregar o relógio pros ladrões.

Anacleto tentou sair da sala pra pegar o telefone com Peita e ligar pra polícia. Os assaltantes o impediram com gritos ameaçadores.

Isaías e Isavoltas estavam tão assustados que se abraçaram e começaram chorar e a cantar O ABECEDÁRIO DA XUXA.

Edmilson pai, aplicava JOHREI em Dona Mica que estava atracada com uma caneca de procedência misteriosa cheia de alfazema e chá de carqueja.
Mucuca estava com sua única mão pra cima e, em sua fanhez, rezava um pai nosso incompreensível.
Edmilson Batman sumiu e ninguém viu.

Os bandidos começaram a ficar nervosos, não imaginavam que entrariam em uma casa tão cheia quando viram aqueles portões abertos e convidativos. Ordenaram que alguém fechasse a porta e lhes mostrassem onde guardavam dinheiro e jóias. Mas quando Feia, a única que raciocinava com clareza, foi fechar a casa, XIMBICA DA OFICINA pulou pra dentro da sala e, bêbado que nem um gambá e alheio a todo crime em andamento, comunicou , com sua voz curtida em cachaça:

- CONSEGUIMOS CAIXÃO PRA SEU ANACLETO!!!

Quase simultaneamente, dona Mica, que agora bebia uma garrafa de cerveja quente, escapou do JOHREI do filho e pulou em direção a Ximbica:

- Nada de caixão! Enterra ele na Brasília. - Ela gritou.

Os dois gritos assustaram e distraíram os bandidos.

Foi a deixa: Edmilsinho Batman, surgiu de trás de uma estátua imensa da Escrava Anastácia que ficava no canto da sala, mordeu a mão do bandido Coiote e pegou sua arma. Feia o ajudou a imobilizar o criminoso recém desarmado, mas o Caolho reagiu e os empurrou com força, enquanto parecia buscar por algo na parte de trás da calça.

Coiote se levantou, Anacleto pulou nele, Edmilson fazia uns movimentos de TAI CHI, Dona Mica se arrastava no chão pra pegar a cabeça da estátua que se estatelou e jogar pra Feia, que a pegou pra tacar em um dos criminosos. Tudo parecia VINGADORES ULTIMATO.

Mas quando Feia ia terminar seu golpe viu a arma do caolho apontada pro meio de sua testa.

Tremeu.

POW

Explosões!

Peita, baloeira da rua, que estava ouvindo tudo o que acontecia enquanto fazia ligações, pulou os muros dos quintais e foi até sua casa pegar alguns fogos que eram as únicas armas que possuía.

Todos tiveram orgasmos do miocárdio quando viram que os bandidos estavam tombados no chão, vítimas do impacto atordoante dos morteiros.

Peita, Batman e Feia heróis.

Dona Mica sorriu

Venezuellen chorou.

Ximbica, petrificado, balbuciou: Já tem caixão.

Continua.