NUNO15NOV - ARTE KIKO
NUNO15NOVARTE KIKO
Por Nuno Vasconcellos
Manter a atenção voltada para a política e para a administração pública tem sido uma marca deste espaço desde o dia 15 de março, quando a coluna "Um Olhar Sobre o Rio" saiu pela primeira vez. Já na edição de estreia — publicada quando ainda não havia elementos que mostrassem a extensão da pandemia da covid-19 —, foi sugerido que os pré-candidatos à prefeitura se mirassem no exemplo do treinador Jorge Jesus, que na época ainda dirigia o Flamengo. A cidade teria muito a ganhar se o futuro prefeito, como o treinador, se dispusesse a realizar um trabalho árduo, bem planejado e capaz de trazer de volta a alegria e o otimismo que sempre estiveram presentes no espírito do carioca.
O que foi dito naquele e em vários outros momentos ao longo dos oito meses que se completam hoje parece confluir para o grande evento que acontece no dia de hoje. As eleições que se realizam hoje, com a possibilidade de haver segundo turno na capital e nos nove municípios mais populosos, são fundamentais para o futuro do Rio de Janeiro. Nunca a responsabilidade do eleitor foi tão grande quanto neste momento em que uma série de cidades sofrem as consequências das escolhas mal feitas quatro anos atrás.
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Há muito para ser mudado e, nesta luta, a informação talvez seja a ferramenta mais importante à disposição do eleitor. Nos últimos meses, O DIA fez um esforço considerável no sentido de levar ao conhecimento de seus leitores as propostas de todos os candidatos a prefeito da capital e de um grupo expressivo de municípios. Em entrevistas transmitidas pelos canais de internet e publicadas nas edições impressas ou eletrônicas do jornal, eles tiveram a oportunidade de expor seus pontos de vista e apresentar ao eleitor as credenciais de que poderão conduzi-los ao cargo.
Ao longo desses oito meses, este espaço jamais foi utilizado para perseguir a quem quer que seja. Na mesma medida, no entanto, ele jamais se omitiu em relação a cobrar das autoridades municipais, estaduais e federais medidas que melhorassem a qualidade da Saúde, da Segurança, e proporcionassem bem estar aos cidadãos. Outro esforço permanente da coluna foi o de não concentrar as críticas nos ombros de uma única autoridade e de deixar claro que os três poderes são igualmente responsáveis pela boa condução da “Coisa Pública”.

IMAGEM DISTORCIDA — Isso é extremamente importante. O eleitor brasileiro, tradicionalmente, dá um peso maior à escolha dos responsáveis pelo poder Executivo e relega ao segundo plano os candidatos ao Legislativo. Essa postura, como tem ficado mais claro a cada dia, pode gerar um custo elevado para o cidadão. A capacidade de uma Câmara Municipal fazer o bem — ou o mal — a uma localidade acaba sendo, no final das contas, igual ou até mesmo superior à do prefeito.
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A imagem distorcida que se tem do peso de um vereador, a bem da verdade, muitas vezes é estimulada pela própria postura adotada pelos ocupantes desse posto. Em muitos casos, eles se colocam como simples despachantes da vontade dos prefeitos e se omitem na hora de cumprira obrigação legal de fiscalizar os atos do poder Executivo, de estabelecer a prioridades para o orçamento e de definir o que pode e o que não pode ser feito em cada ponto do município. Se fizerem seu trabalho direito, no entanto, assumem uma importância que passa a ser fundamental.
Cabe ao vereador ou à vereadora definir um Código de Posturas mais rígido ou mais brando em relação aos bailes funk ou às construções irregulares. É dele ou dela a última palavra em relação ao uso e ocupação do solo em cada ponto da cidade, ao funcionamento do comércio e a uma série de pontos que interferem diretamente na vida dos cidadãos.

SOLUÇÕES NECESSÁRIAS — Os aspectos relacionados com as responsabilidades dos vereadores e, claro, dos chefes do poder Executivo não apenas na capital, mas nas 25 cidades em que O DIA está presente com repórteres locais (naquela que é a mais ampla rede de cobertura jornalística do Estado do Rio) foram, em algum momento ao longo desses últimos oito meses, objeto de atenção desta coluna. O objetivo, nesse caso, foi apontar caminhos e alertar para o impacto que o voto deste ano poderá ter para recuperar o tempo que a capital e outros municípios perderam, além de mostrar os caminhos que podem levar às soluções necessárias.
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O eleitor precisa, além de informação, de liberdade para escolher o candidato que merecerá seu voto e de quem cobrará, ao longo dos próximos quatro anos as soluções para os problemas de sua cidade. Na semana passada, esta coluna deu destaque à restrição dessa liberdade em diversas localidades, onde o crime organizado tem imposto aos eleitores nomes de candidatos a vereador apoiados pela milícia e pelo tráfico.
A informação se baseou numa reportagem assinada pelas jornalistas Bruna Fantti e Thuany Dossares, de O DIA. Desde que os fatos vieram a público, as autoridades iniciaram uma investigação que poderá impedir que o crime tenha representantes em diversas câmaras municipais no Estado do Rio. Ver as autoridades em ação para livrar o Rio da influência o crime organizado é, sem dúvida, motivo de alento — e saber que partiu dele a denúncia que deu origem às investigações é motivo de satisfação e orgulho para este jornal. Mas nada disso adiantará se o eleitor, sozinho na cabine, não escolher bem seu candidato.
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Bom voto para todos.
(Siga os comentários de Nuno Vasconcellos no twitter e no instagram: @nuno_vccls)