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Por Sergio Gustavo
Embora sejam 53% do eleitorado de Vassouras, as mulheres representam 31% do total de candidaturas para o pleito de 2020, apenas 1% além da cota mínima exigida pela lei eleitoral brasileira. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, dos 115 candidatos aptos para a eleição no município, 36 são do sexo feminino, e apenas uma delas disputa cargo para o Poder Executivo.

A maioria das mulheres que disputam a eleição em Vassouras têm entre 50 e 59 anos, são 12. As que estão na faixa dos 40 anos são 10 e as que possuem idades entre 30 e 39 anos, 9. Há apenas uma candidata com menos de 30 anos, uma com mais de 70 e três com idades entre os 60 e os 64 anos.

De acordo com os registros na Justiça Eleitoral, 21 candidatas se autodeclaram brancas; 9, pretas; e 6, pardas. “Pretos e pardos são considerados no mesmo grupo demográfico em uma série de dados divulgados por instituições governamentais porque possuem indicadores socioeconômicos bem divergentes do grupo de não negros”, explica Juliana Marques, coordenadora e cofundadora do Movimento Mulheres Negras Decidem (MND). “Não podemos deixar de pontuar que historicamente a categoria pardo foi utilizada como tentativa de apagamento do negro no Brasil e que a reivindicação do preto/pardo como grupo único também é fruto da luta política dos movimentos negros e de mulheres negras”, ressalta a especialista.

Na análise das 115 candidaturas para a eleição deste ano, 13,5% são de mulheres negras. “Temos sido insistentes em afirmar que o problema não é a falta de candidaturas, ou seja, mulheres que tenham interesse, preparo e disposição para a disputa. O fato é que esse percentual não se converte em mulheres eleitas. Em Vassouras, tivemos 24 mulheres negras candidatas a vereança em 2016, mas nenhuma foi eleita”, lembra Juliana, que completa: “A questão passa realmente por aspectos mais estruturais, recursos de campanha, priorização das candidaturas dentro dos partidos, sobretudo nos mais competitivos e consolidados, que adotam práticas de distribuição de recursos que privilegiam pessoas já eleitas e candidatos de classe média e alta, reforçando o ciclo da sub-representação”.