Eufrásia Teixeira Leite deixou a maior parte de sua herança para Vassouras
Eufrásia Teixeira Leite deixou a maior parte de sua herança para VassourasPintura a óleo de Carolus Duran – França, 1887
Por Sergio Gustavo
Enquanto a capital do Rio registrou aumento de vereadoras eleitas, Vassouras terá apenas homens na nova formação da Câmara Municipal. Outras 947 cidades brasileiras também não elegeram representantes femininas nas eleições de domingo (15). Única vereadora eleita em 2016, Rosi Farias disputou como vice-prefeita neste ano e foi eleita. Portanto, Vassouras terá uma mulher no Poder Executivo e nenhuma na casa legislativa a partir de 2021.

A candidata à vereança mais votada na cidade nessas eleições foi Damiana (Republicanos), que recebeu 327 votos - Silea Enfermeira (DEM) foi a segunda (256) e Elaine Paixão (PSD), a terceira (252). “Precisamos rever os conceitos, mudar a visão de que mulher fica em segundo plano. Tem que ser lei, de fato e de direito, que 30% da câmara seja ocupada por mulheres. Uma regra simples: as mais votadas, que atingirem 15% da legenda, devem entrar”, sugere Damiana, que completa com uma dúvida: “Gostaria de entender como somos julgadas”.

Vale lembrar que Vassouras foi amplamente beneficiada pelo patrimônio doado por uma mulher. Eufrásia Teixeira Leite (1850-1930), primeira brasileira a investir na Bolsa de Valores, deixou a maior parte de sua herança para a cidade onde nasceu. Uma parte menor beneficiou a Fundação Oswaldo Cruz, ex-empregados, pessoas pobres de Vassouras e moradores de rua de Paris. Apenas três parentes foram contemplados com apólices - os demais ficaram revoltados com o destino que Eufrásia escolheu para a fortuna que herdou e multiplicou. Vassouras ainda preserva parte do patrimônio herdado, como o Museu Casa da Hera e o Hospital Eufrásia Teixeira Leite.