Rio - A poluição do ar foi responsável por cerca de 3,3 milhões das mortes por doença cardiovascular em 2016. Isso é o equivalente a 19% das 17 milhões de mortes prematuras decorrentes deste tipo de problema naquele ano. O número supera as mortes atribuídas ao tabagismo (2,48 milhões), obesidade (2,85 milhões) e diabetes (2,84 milhões). Apenas a hipertensão arterial ficou à frente da poluição como fator de risco cardiovascular. Os dados foram divulgados em um artigo da revista Circulation, da American Heart Association (Associação Americana do Coração, em tradução livre).
"Cardiologistas costumam alertar para os fatores de risco que as pessoas podem controlar como não fumar ou praticar atividade física. Mas temos um papel social de cobrar de autoridades o controle da poluição ambiental como forma de contribuir para a saúde cardíaca da sociedade", afirma o Dr. Claúdio Tinoco, diretor-científico da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio (Socerj).
As exposições à poluição do ar são dividas em duas categorias: poluição ao ar livre (a combinação de fontes como o tráfego, a indústria, a queima agrícola e os incêndios florestais) e a poluição do ar doméstico (que ocorre pela queima de combustíveis de biomassa e carvão). O artigo aponta estudos nos Estados Unidos e na Europa que relacionam a redução das exposições à poluição do ar com a diminuição do risco imediato de síndromes coronarianas agudas. O levantamento também leva em consideração a insuficiência cardíaca, o AVC, as arritmias e o desenvolvimento e progressão da aterosclerose.
No Brasil, a diminuição da exposição também é fator de prevenção de doenças cardíacas. "A poluição ambiental vem crescendo significativamente em importância na determinação da mortalidade cardiovascular, especialmente nas populações mais suscetíveis, como idosos, pessoas com baixo nível socioeconômico e naqueles com outros fatores de risco como os diabéticos", explica o especialista.