O planeta está mais quente agora do que há pelo menos 12 mil anos, um período que abrange todo o desenvolvimento da civilização humana, de acordo com uma nova pesquisa.
A análise das temperaturas da superfície do oceano mostra que as mudanças climáticas causadas pelo homem colocaram o mundo em um "território desconhecido", dizem os cientistas.
O estudo, publicado na revista científica Nature, chegou a essas conclusões resolvendo um antigo quebra-cabeça conhecido como "enigma da temperatura do Holoceno". Os modelos climáticos indicaram aquecimento contínuo desde a última era glacial terminou 12 mil anos atrás e o período Holoceno começou.
"Isso significa que o moderno período de aquecimento global causado pelo homem está acelerando um aumento de longo prazo nas temperaturas globais, tornando hoje um território completamente desconhecido. Ele muda a linha de base e enfatiza o quão crítico é levar a nossa situação a sério", disse Samantha Bova, da Rutgers University, de New Brunswick, nos Estados Unidos, que liderou a pesquisa.
Sua equipe examinou medições de temperatura derivadas da química de minúsculas conchas e compostos de algas encontrados em núcleos de sedimentos oceânicos e resolveu o enigma levando em consideração dois fatores.
Primeiro, presumia-se que as conchas e os materiais orgânicos representavam o ano inteiro, mas, na verdade, era mais provável que tivessem se formado durante o verão, quando os organismos floresceram. Em segundo lugar, existem ciclos naturais previsíveis bem conhecidos no aquecimento da Terra causados por excentricidades na órbita do planeta.
Mudanças nesses ciclos podem fazer com que os verões fiquem mais quentes e os invernos mais frios, enquanto as temperaturas médias anuais mudam apenas um pouco.
A combinação desses insights mostrou que o resfriamento aparente após o pico quente de 6 mil anos atrás era enganoso. As conchas, na verdade, registravam apenas uma queda nas temperaturas do verão, mas as temperaturas médias anuais ainda subiam lentamente, como indicam os modelos.
"Agora eles combinam incrivelmente bem e nos dá muita confiança de que nossos modelos climáticos estão fazendo um trabalho muito bom", disse Bova.
O estudo analisou apenas os registros de temperatura do oceano, mas Bova afirmou que "a temperatura da superfície do mar tem um impacto realmente controlador no clima da Terra. Se soubermos disso, é o melhor indicador do que o clima global está fazendo."
Em 2020, ela liderou uma viagem de pesquisa ao largo da costa do Chile para coletar mais núcleos de sedimentos oceânicos e adicionar aos dados disponíveis.