Volta Redonda - O Banco de Olhos de Volta Redonda realizou de março até junho deste ano 54 transplantes com córneas captadas pela equipe do município. O serviço havia sido suspenso parcialmente por conta da pandemia de covid-19, mas voltou a ser realizado após mudança nos critérios para a realização de cirurgias pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
O Banco de Olhos é responsável pela captação de tecido ocular em 34 cidades do estado do Rio. A unidade de Volta Redonda funciona há 10 anos e é referência, servindo de modelo inclusive para outros estados. Segundo os dados divulgados, por conta da pandemia, o número de doações caiu em torno de 50% em 2020. Antes da covid-19, a média chegava a 300, mas no ano passado o número foi de 174.
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“Ficamos quase um ano sem captações de córnea de 'coração parado', que são aquelas mortes que tem como causas: acidentes, infartos. Então não pudemos fazê-las, apenas as de morte encefálica, dentro do centro cirúrgico. Retomamos às captações na primeira semana de março nas 34 cidades que o Banco de Olhos de Volta Redonda abrange e já conseguimos realizar 54 transplantes com as córneas da unidade”, destacou a enfermeira coordenadora do Banco de Olhos de Volta Redonda, Michele Antoniol.
Segundo a coordenadora, a pandemia ainda afeta às captações. A vítima de covid, por exemplo, não pode ser doadora de órgãos e àquelas pessoas que já tiveram precisam ter se curado da doença há pelo menos 30 dias. Da captação até o transplante, o tecido ocular pode ser armazenado por no máximo 14 dias.
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“Os familiares ainda ficam inseguros também por conta da pandemia. Mesmo o doador não tendo óbito de covid, alguns ficam com medo da doença”, disse.
Ainda de acordo com Michele Antoniol, uma doação de córneas pode ajudar até quatro pessoas; onde são captadas as duas córneas e duas escleras (camada branca mais superficial do globo ocular composta por fibras de colágeno). O material é levado para o Banco de Olhos, onde é examinado, armazenado e ficando à disposição do Programa Estadual de Transplantes (PET).
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“A córnea é a primeira lente dos olhos. É como se fosse o vidro de um relógio; se aquela lente estiver embaçada, você não consegue enxergar os ponteiros e a córnea é a mesma coisa. A córnea é um tecido e tem que ser transparente para conseguirmos enxergar. Quando a pessoa tem alguma doença que afete a córnea, ela fica opaca e o indivíduo para de enxergar. Por isso da importância do transplante, porque com ele há a possibilidade de retomar a visão”, explicou.
A coordenadora do Banco de Olhos explicou que diferente do que algumas pessoas pensam, registrar a intenção em vida não garante que a doação de órgãos aconteça. Isso porque são os familiares que autorizam, ou não, a doação.
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“A família é que autoriza a doação de todos os órgãos e tecidos. Então, em vida, a pessoa precisa anunciar isso para a sua família. Parentes de até segundo grau - mãe, pai, cônjuge, filhos - é que irão autorizar a doação. Não vale mais o documento. Por isso buscamos fazer um trabalho de sensibilização através de palestras sobre a importância da doação de órgãos e tecidos”, destacou Michele.
O Banco de Olhos de Volta Redonda fica anexo ao Hospital São João Batista e funciona 24h com plantonistas. Para notificação de óbitos e possíveis doadores, os telefones são 08000-225742 ou (24) 3343-3935. A unidade também está aberta para esclarecer dúvidas sobre a doação de órgãos e tecidos.
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