Por FRANCISCO EDSON ALVES

A onda de ataques a terreiros de religiões de matriz afro-brasileira no estado, especialmente na Capital e Baixada Fluminense, vai antecipar a criação da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) para as próximas semanas. A previsão inicial era daqui a pelo menos três meses. A informação é do deputado estadual Átila Nunes (PMDB), que se reuniu ontem com o secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá, e o Secretário de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos, Átila Alexandre Nunes, para tratar do assunto.

Ontem também, a secretaria e a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa receberam mais um vídeo em que supostos traficantes obrigam um sacerdote a vestir uma camisa com o rosto de Jesus Cristo e a arrebentar e inutilizar guias, conhecidas também como cordões de santos, que restaram de um altar totalmente destruído. Um suposto traficante exibe um porrete com a inscrição "diálogo" e faz ameaças ao sacerdote. "É só um diálogo. Da próxima vez eu mato. Safadeza, pilantragem. Que bandeira branca é essa? Bandeira aqui é do TCP (sigla da facção criminosa), p*, ou de Jesus Cristo", brada o homem. A denúncia de que traficantes estariam por trás da onda de ataques foi revelada pelo DIA.

No encontro, ficou definido que as vítimas terão atendimento diferenciado na Decradi, incluindo auxílio jurídico, psicológico e social. O mais cotado para a nova unidade é o delegado Orlando Zaccone, segundo o deputado Carlos Minc.

"A liberdade religiosa está sendo ameaçada por traficantes travestidos de evangélicos", lamentou Ivanir dos Santos, da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.

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