Marcos Espínola, colunista do DIA - Divulgação
Marcos Espínola, colunista do DIADivulgação
Por Marcos Espínola Advogado criminalista

A Câmara dos Deputados votou o chamado 'pacote da segurança pública', contendo seis itens. Independentemente do seu conteúdo, infelizmente devemos reconhecer que não é assim que se faz segurança em lugar nenhum do mundo. O assunto é preciso ser analisado de forma mais abrangente e por especialistas. É urgente despolitizar essa área o quanto antes para que possamos desenvolver políticas sérias e estruturadas, com bases técnicas que possam em médio e longo prazos trazer resultados positivos para a sociedade.

Mais do que um pacote, precisamos é do engajamento do poder público no que diz respeito a outras ações sociais que devem caminhar junto, pois se engana quem pensa que segurança se faz somente com política, polícia e justiça. O investimento na base do indivíduo, a educação, a conscientização de cidadania, saúde e moradia devem fazer parte de uma transformação de que a nossa sociedade necessita o quanto antes.

O que adianta, na prática, deputados aprovarem projetos como o que acaba com o atenuante automático de pena para menores de 21 anos? Se a questão é enrijecer o trato com os menores, o melhor deveria começar esse movimento oferecendo escola de qualidade e condições de uma formação educacional correta, evitando o ingresso dos jovens na marginalidade. Atuar na prevenção, e não na correção.

Qual a efetividade de obrigar as operadoras a instalar bloqueadores de sinal de celular nos presídios? Em verdade, o impacto de uma medida como essa será irrisório. Na prática, a fiscalização na entrada de equipamentos nessas unidades é que deveria funcionar. A ressocialização dos detentos deveria, efetivamente, acontecer, preparando o infrator para o reingresso à sociedade. Mas isso não acontece no falido sistema penitenciário.

Esses dois dos projetos que compõem o pacote não passam de movimentos populistas, ou seja, mais pirotecnia para aparecer publicamente, sem consistência para soluções concretas e emergenciais que carecemos.

Claro que se faz necessário revisar e atualizar leis, mas essa abordagem deve ser mais ampla. Rever o Código Penal detalhadamente, promover a reforma do Judiciário, revisar o Estatuto da Criança e do Adolescente e remodelar o sistema penitenciário são algumas medidas, mas o primordial é pensar em segurança pública fora da caixa ou do pacote, tratando-a de forma séria, técnica e profissional.

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