Família de Cesar Carvalho Lobo descobriu a troca de corpos ontem -  Maíra Coelho / Agência O Dia.
Família de Cesar Carvalho Lobo descobriu a troca de corpos ontem Maíra Coelho / Agência O Dia.
Por JONATHAN FERREIRA

Um erro na liberação dos corpos de dois idosos no Hospital Caxias D'or, na Baixada Fluminense, prolongou ainda mais a dor das famílias. Os parentes de Maria Rosa da Silva, de 90 anos, vão exumar hoje a idosa, que foi enterrada por outra família, na quarta-feira, no Cemitério Raiz da Serra, em Duque de Caxias. Ela foi velada e sepultada pela família de Cesar Carvalho Lobo, de 74 anos, cujo corpo continuava ontem no hospital. O aposentado morreu na terça, vítima de parada cardíaca.

Os filhos de Lobo estiveram na unidade de saúde e fizeram o reconhecimento do corpo na manhã de quarta-feira. Ao chegar no cemitério, o sobrinho da vítima Marco Moreira notou que havia algo errado com o corpo. "Muita gente estranhou, mas no calor da emoção e como apenas um pedaço do rosto estava exposto por causa das rosas, as pessoas acharam que deveria sim ser o meu tio. Alguns justificaram que o rosto estaria diferente porque as pessoas perdem sangue quando morrem", lembrou. Segundo ele, a cerimônia teve 100 pessoas.

Segundo o filho da vítima, Júlio Cesar Dominoni Lobo, a família soube da troca dos corpos ontem pela manhã. "A direção do hospital entrou em contato com a minha madrasta, por volta das 7h, dizendo que o corpo havia sido trocado, mas não souberam dizer se foi um erro por parte do hospital ou da funerária." Segundo ele, a viúva, que sofre de problemas cardíacos, começou a passar mal e foi levada à emergência do Caxias D'or.

O sobrinho de Lobo disse cobrou explicações do funcionário da Funerária Praça da Bandeira, que realizou o procedimento. "Ele (o funcionário) falou que o corpo não estava na gaveta e, quando fez a retirada, não havia ninguém do hospital na sala. Tinha que ter uma enfermeira e alguém da minha família para autorizar a retirada", comentou Lucas Ribeiro Lobo. Ainda segundo ele, o funcionário teria dito que não percebeu que o corpo era de uma mulher, pois os órgãos genitais estariam cobertos.

O neto da idosa, Thiago Moraes, disse que o hospital demorou a contar ao seu pai sobre o paradeiro do corpo de sua avó. "O hospital provavelmente sabia do caso, mas ficou enrolando meu pai o dia inteiro." A família registrou o caso na 59ª DP (Caxias). "Queríamos fazer o velório na Primeira Igreja Batista, em Xérem, onde ela frequentava. Muitos familiares vieram de longe, mas, devido ao tempo que já passou, dificilmente conseguiremos velar o corpo da minha avó", lamentou Moraes, que questionou o fato de ninguém ter percebido o erro durante o velório.

O Caxias D'or informou que abriu sindicância para apurar responsabilidades e que presta toda a assistência necessária às famílias. O DIA entrou em contato com a Funerária Praça da Bandeira, mas um funcionário informou que os donos estavam viajando.

Você pode gostar
Comentários