Por Bruna Fantti

O presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani, e os deputados estaduais Edson Albertassi e Paulo Melo não ficaram nem 24 horas na prisão. O plenário da Assembleia Legislativa do Rio decidiu ontem à tarde, por 39 votos a favor e 19 contra, pela soltura dos peemedebistas, que estavam na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica. O chamado 'presídio VIP' abriga os presos da Lava Jato, incluindo o ex-governador Sérgio Cabral.

Os três deputados passaram uma noite na mesma ala em que Cabral, porque a Justiça determinou a prisão preventiva deles a partir da alegação do Ministério Público Federal de que o trio recebeu R$ 135 milhões em propina de empresários de ônibus para proteger os interesses do setor na Casa. No entanto, a legislação determina que as prisões de deputados sejam aprovadas pela Alerj.

Os parlamentares devem retomar suas funções já na terça-feira que vem, após o feriado. A bancada do PSOL anunciou que vai entrar com uma ação na Justiça para anular a sessão de ontem. O PSOL sustenta que a votação foi realizada com as galerias fechadas ao público, em descumprimento a uma decisão judicial, e que houve irregularidade na convocação.

Liminar expedida pela juíza Ana Cecilia Argueso Gomes de Almeida, do Tribunal de Justiça (TJ-RJ), determinou a liberação das galerias para o público. A oficial de Justiça que levava a liminar chegou a ser impedida de entrar na Alerj pela polícia e só conseguiu chegar ao plenário no fim da votação por interferência de alguns deputados. Nesse meio tempo, as galerias foram ocupadas por assessores parlamentares, muitos deles com o crachá de deputados contrários à prisão. A Alerj alegou que não fechou as galerias, apenas limitou o acesso a elas por segurança, seguindo orientação dos bombeiros.

A sessão extraordinária da Alerj teve início às 15h, após parecer da Comissão de Constituição e Justiça para a soltura, de autoria do deputado Milton Rangel (DEM), aprovado por quatro votos a dois. No plenário, três deputados contrariaram orientações das bancadas e votaram pela aprovação do parecer, que precisava de pelo menos 36 votos. São eles: o psolista Paulo Ramos, que foi afastado pelo partido, o petista Ané Ceciliano, que foi suspenso por seis meses do PT, e Renato Cozzolino, do PR.

André Lazaroni (PMDB), que se licenciou do cargo de secretário de Cultura para votar a favor dos seus correligionários, protagonizou uma gafe ao tentar citar o dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht em seu discurso. Ele atribuiu a frase "Ai do povo que precisa de heróis" a Bertoldo Brecha, personagem da Escolinha do Professor Raimundo, interpretado pelo ator Mário Tupinambá, morto em 2010. Os deputados deixaram a prisão de Benfica em um carro oficial da Alerj às 18h.

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