Rio - Enquanto o estandarte levado pela porta-bandeira é o símbolo de uma escola de samba, as camisas vestidas na folia de rua são como a bandeira dos blocos, cada uma com sua identidade e ligada ao enredo do ano atual. Com temas que variam do centenário do Cordão da Bola Preta ao combate à intolerância religiosa e à censura, as novas camisetas estão cheias de charme e conceito.
Assinada pelo artista plástico Carlos Vergara, a camiseta do Carmelitas, de Santa Teresa, reflete a preocupação com questões que movimentaram a opinião pública no ano passado, como a depredação de terreiros de Umbanda e Candomblé e a censura à exposição 'Queermuseu', cancelada em Porto Alegre após protestos. A estampa traz líderes de diversos credos reunidos e a Estátua da Liberdade. "A mensagem é a convivência pacífica de religiões de todas as correntes e a liberdade de expressão. Embaixo do desenho há um sinal de igualdade e outro de diferença. Quer dizer: somos iguais, somos diferentes, mas podemos conviver juntos e todos merecemos respeito", explicou Alvanísio Damasceno, presidente do Carmelitas.
Para fazer a camiseta do Céu na Terra, a fabricante Dimona recolheu depoimentos de pessoas tradicionais do bairro sobre qual seria a Santa Teresa dos sonhos. A partir das respostas, a artista plástica Mila Scramingon retratou foliões alegres dentro de um coração com o bonde. "Santa Teresa tem uma realidade séria de violência e do bonde que não é mais para a população. A Santa Teresa dos sonhos que queremos emitir é de alegria, fraternidade, amor, de pessoas se ajudando e curtindo a vida", contou Péricles Monteiro, coordenador do bloco.
A camisa do Bola Preta é um marco histórico. Ilustrada por Ziraldo, a estampa tem 100 bolas pretas e a inscrição 'Cem anos Bola Preta', celebrando o centenário do Cordão. Nas costas, está escrito "#100sacional'. O Desliga da Justiça, da Gávea, homenageará os fotógrafos e a paixão em registrar a folia. Criado pelo publicitário Jéner Neves, o desenho é uma máquina fotográfica que tem a lente do Desliga e traz os dizeres "Faz a Pose Aí! Tem que Registrar. O Desliga Vai Te Eternizar". Com enredo em saudação ao centenário de Chacrinha, o Me Esquece, do Jardim Botânico, pintou o Velho Guerreiro com o abacaxi e a buzina, marcas do comunicador. A ideia foi do designer Rodrigo Habib. O Sargento Pimenta, do Aterro do Flamengo, retirou da música 'Hapiness is a Warm Gun' a frase 'Felicidade é uma arma quente' para traduzir a energia do Carnaval.