25/01/2018 - Especial / Carnaval da Intendente Magalhães, em Campinho. Na imagem, Egili Aparecida de Oliveira Conceição, rainha de bateria da Mocidade Unida do Santa Marta, uma das escolas de samba do grupo B. Foto de Alexandre Brum / Agência O Dia - CIDADE CARNAVAL FOLIA FOLIÃO EVENTO SAMBA ESCOLA AGREMIAÇÃO - Alexandre Brum
25/01/2018 - Especial / Carnaval da Intendente Magalhães, em Campinho. Na imagem, Egili Aparecida de Oliveira Conceição, rainha de bateria da Mocidade Unida do Santa Marta, uma das escolas de samba do grupo B. Foto de Alexandre Brum / Agência O Dia - CIDADE CARNAVAL FOLIA FOLIÃO EVENTO SAMBA ESCOLA AGREMIAÇÃOAlexandre Brum
Por GUSTAVO RIBEIRO

Rio - Criado no Méier e morador de Laranjeiras, o engenheiro Flávio Torres, de 60 anos, atravessa a cidade todo ano com um grupo de 15 amigos para curtir o Carnaval na Intendente Magalhães, no Campinho. A 22 quilômetros do luxo da Sapucaí, já viu muitas cenas curiosas. "Lembro que uma vez só tinha uma baiana representando a ala toda em uma escola", conta. No corre-corre da concentração, muitas vezes sem gente suficiente para desfilar, homens acabam colocando vestidos rodados para representar as bravas nordestinas. "Só não pode deixar a barba à mostra!", ressalta o rodoviário Bruno Surcin, 29, que mora na Vila Valqueire e frequenta a folia no bairro vizinho há 7 anos.

De um lado da rua, a atmosfera cinza do trânsito abre alas para alegorias e fantasias coloridas. Buzinas e motores dão lugar à batucada. De outro, cariocas e turistas, moradores da Zona Sul à Zona Norte, jovens e idosos comem, bebem, cantam e sambam, juntos, em volta de barraquinhas de churrasquinho, hambúrguer e cachorro-quente. Ninguém paga para brincar. Palco da festa do povo há 13 anos, a Estrada Intendente Magalhães entre os números 116 e 270 reúne cerca de 200 mil foliões em cinco dias de desfiles.

De sábado a terça de Carnaval e no sábado seguinte, das 20h até o sol raiar, pelo menos 56 escolas dos grupos de acesso B, C, D e E cruzarão os 380 metros da passarela em busca do mesmo sonho: escalar rumo ao estrelato na Sapucaí. Mais de 100 famílias que moram no Conjunto Residencial Waldemar Rodrigues da Silva têm camarote privilegiado. A maioria espera ansiosamente fevereiro chegar e curte a folia em cadeiras de praia.

Desde que se mudou para a Intendente, há 11 anos, a professora de Educação Física, Maria Isabel Salvado, 35, desfila todos os anos em três, quatro, cinco escolas. Até na última semana de gravidez do Miguel, de 6 anos, não abriu mão da folia. "Perdemos as contas de em quantas escolas a gente desfila, porque estão sempre precisando completar as alas. A gente prende o chinelo na cintura, bota a roupa ali mesmo e vai". A letra do samba, aprendem na hora.

A simplicidade acolhedora não distingue rainhas e súditos. Até o ano passado as musas trocavam de roupa no meio da rua. Em 2018, a Tradição vai ceder um camarim para a equipe da empresária Clara Cruz, que mora no mesmo condomínio que Isabel, aprontar as beldades com preços camaradas. Musa da São Clemente e da Renascer, Egili Oliveira, 35, estreia este ano na Intendente como rainha de bateria da Mocidade Unida do Santa Marta. "Não importa se é no Grupo de Acesso ou Especial. O Carnaval é para o povo", diz a mulata. E é para o povo mesmo. Das arquibancadas, a galera pode descer e desfilar na sua escola. Como em 2008, quando cerca de 150 moradores do Jacaré seguiram a Unidos do Jacarezinho entoando o samba.

Três escolas desistiram dos desfiles
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Em um ano de crise econômica, das 60 que sairiam na Intendente, três informaram à liga organizadora (Liesb) que não irão se apresentar: Império Gonçalense, Jardim Redentor e Arrasta Povo, todas do grupo E (que não recebe recurso público). A Caprichosos de Pilares, do grupo C, não poderá concorrer se não regularizar documentação. "Com criatividade, materiais reciclados e ajuda de coirmãs, elas foram fazendo o Carnaval", disse o presidente da Liesb, Gustavo Barros. A estrutura para o desfile já estava sendo montada na semana passada.
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