Irmão de Francynne, Denis desabafou: 'É uma falta de respeito. Poderia ser algo mais rápido. É revoltante' - rafael nascimento
Irmão de Francynne, Denis desabafou: 'É uma falta de respeito. Poderia ser algo mais rápido. É revoltante'rafael nascimento
Por RAFAEL NASCIMENTO

A dor da família que perdeu quatro parentes carbonizados em um acidente no dia 25 de dezembro, na Avenida Brasil, na altura de Cordovil, após um caminhão-reboque perder o controle e atingir dois carros, foi estendida por mais 16 dias por causa da falta de insumos no Instituto Médico Legal (IML). Um dos corpos, o da dona de casa Francynne Azevedo Mathias, de 22 anos, continuava até a tarde de ontem, no IML porque não havia um reagente necessário para fazer a identificação por exame de DNA. Após serem procurados pela reportagem, o órgão informou que o corpo estava sendo liberado mesmo sem o exame.

"É uma falta de respeito. Poderia ser algo muito mais rápido para tentar diminuir o sofrimento da nossa família. É revoltante", reclamou o irmão de Francynne, Denis Azevedo Mathias, de 24 anos. Ele, que é garçom, acrescentou que a família já foi ao IML oito vezes depois do acidente tentar resolver a situação e não havia conseguido. No dia 25 do mês passado, a família havia passado o Natal na casa de parentes em Irajá e estavam voltando para Rio das Ostras, onde moram. Três dias antes Francynne havia completado 22 anos.

Em um comunicado emitido pela 38ª DP (Brás de Pina), no dia 27 de dezembro, o delegado Delmir da Silva Gouveia, pediu um exame de DNA no corpo de Francynne, que foi um dos de mais difícil identificação. No documento, um funcionário do IML colocou uma observação dizendo que não seria possível fazer o exame por causa da falta da substância no instituto. "Fizemos um abaixo-assinado para tentar comprar material e até agora (ontem) cem pessoas já contribuíram. A minha irmã era o sol do meu dia, minha alegria", lamentou o irmão.

A família também teve problemas para liberar os corpos das duas crianças mortas no acidente. Filho de Francynne, Tauan Azevedo da Trindade, de 6 anos, só foi liberado do IML na última terça-feira. A família, no entanto, não retirou o corpo no dia porque queria aguardar a liberação de Francynne para enterra mãe e filho juntos.

Já o corpo da afilhada da mulher, Eduarda Cosme dos Santos, de 8 anos, foi retirado só há 7 dias. O pedreiro Ednaldo Silva dos Santos, cujo corpo foi o menos afetado pelo fogo, foi enterrado no dia 27 de dezembro, no Cemitério de Irajá, na Zona Norte. "Eles não mereciam esse sofrimento. O estado poderia ter abraçado mais eles", disse Denis. Os três corpos liberados antes de Francynne foram identificados por meio de reconhecimento de fotos e do vestuário.

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