Rio - No hall de entrada do Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha são encontradas fortes evidências de que a ciência fluminense está em modo de espera. A entrada desse anexo do Campus Maracanã da Uerj, onde funcionam o Centro de Tecnologia e Ciências, o Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes e o Instituto de Química está abarrotada de caixas.
Em algumas ainda estão colados os documentos de desembaraço da alfândega, indicando que vieram de países como Alemanha e Estados Unidos. No interior, equipamentos de última geração, avaliados em R$ 7 milhões, que poderiam acelerar várias pesquisas em andamento, mas que são tratados como cacarecos inúteis.
"São equipamentos adquiridos durante o período em que a Faperj estava funcionando, até 2014", explica o sub-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da Uerj, professor Egberto Gaspar de Moura. Porém, com a crise econômica de financiamento (nos últimos dois anos, o governo estadual não repassou um tostão para a Faperj), não há dinheiro para instalar os equipamentos. "Não houve recurso necessário para fazer as instalações elétricas e hidráulicas que são necessárias para esses equipamentos funcionarem", lamenta o sub-reitor.
São espectrofotômetros, aparelhos de ressonância e espectrômetros de massa, entre outros. "São aparelhos muito sofisticados para análise de contaminantes, de meio ambiente, para determinação de proteínas que possam ser utilizadas em vacinas ou para estudos de química de petróleo", explica o professor Egberto.
O sub-reitor não acredita que os equipamentos vão quebrar ou ficar inutilizados. "Até mesmo porque nunca foram utilizados", lembra. Porém, ele não descarta a hipótese de os aparelhos perderem a garantia do fabricante antes que a Uerj consiga verba para fazer a instalação. "O governo tem que se conscientizar de que não é interessante deixar como legado a destruição da Universidade do Estado do Rio", adverte o professor Egberto, preocupado com a perda de prestígio da Uerj. "A gente está perdendo alunos de graduação. Eles estão desistindo de fazer a Uerj, que era, junto com a UFRJ, a primeira da escolha do vestibulando". Segundo ele, a procura do vestibular que era em torno de 80 mil por ano, caiu para 30 mil.