Equipamentos mofam em caixotes na Uerj - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Equipamentos mofam em caixotes na UerjDaniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por WILSON AQUINO

Rio - No hall de entrada do Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha são encontradas fortes evidências de que a ciência fluminense está em modo de espera. A entrada desse anexo do Campus Maracanã da Uerj, onde funcionam o Centro de Tecnologia e Ciências, o Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes e o Instituto de Química está abarrotada de caixas.

Em algumas ainda estão colados os documentos de desembaraço da alfândega, indicando que vieram de países como Alemanha e Estados Unidos. No interior, equipamentos de última geração, avaliados em R$ 7 milhões, que poderiam acelerar várias pesquisas em andamento, mas que são tratados como cacarecos inúteis.

"São equipamentos adquiridos durante o período em que a Faperj estava funcionando, até 2014", explica o sub-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da Uerj, professor Egberto Gaspar de Moura. Porém, com a crise econômica de financiamento (nos últimos dois anos, o governo estadual não repassou um tostão para a Faperj), não há dinheiro para instalar os equipamentos. "Não houve recurso necessário para fazer as instalações elétricas e hidráulicas que são necessárias para esses equipamentos funcionarem", lamenta o sub-reitor.

São espectrofotômetros, aparelhos de ressonância e espectrômetros de massa, entre outros. "São aparelhos muito sofisticados para análise de contaminantes, de meio ambiente, para determinação de proteínas que possam ser utilizadas em vacinas ou para estudos de química de petróleo", explica o professor Egberto.

O sub-reitor não acredita que os equipamentos vão quebrar ou ficar inutilizados. "Até mesmo porque nunca foram utilizados", lembra. Porém, ele não descarta a hipótese de os aparelhos perderem a garantia do fabricante antes que a Uerj consiga verba para fazer a instalação. "O governo tem que se conscientizar de que não é interessante deixar como legado a destruição da Universidade do Estado do Rio", adverte o professor Egberto, preocupado com a perda de prestígio da Uerj. "A gente está perdendo alunos de graduação. Eles estão desistindo de fazer a Uerj, que era, junto com a UFRJ, a primeira da escolha do vestibulando". Segundo ele, a procura do vestibular que era em torno de 80 mil por ano, caiu para 30 mil.

Uerj em várias frentes de pesquisa
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Apesar de todos os obstáculos, a Uerj continua produzindo conhecimento. "Temos uma pesquisadora que descobriu um micro-organismo que pode degradar os produtos contaminantes do petróleo. No caso de um vazamento, por exemplo, ele pode limpar a região afetada", revelou o professor Egberto, para demonstrar a importância da pesquisa para a vida, de uma forma bem abrangente.
Segundo ele, a Uerj só não desenvolve pesquisas em ciências agrárias e veterinária, porque não dispõe desses cursos. "Na Faculdade de Educação, temos vários projetos de melhoria do ensino fundamental e médio que são oferecidos ao governo e aplicados", destaca o professor, que prossegue: "Acabamos de inaugurar um Centro de Neurocirurgia para avaliar, através de estímulos elétricos, a localização de tumores. Permite que o neurocirurgião vá com maior exatidão ao tumor. É um aparelho que só tem aqui na Uerj", garante. "Tem várias coisas que a gente faz que são mostradas, primeiro, aos outros cientistas. Mas, depois, tudo é passado para a sociedade".
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