Rio - O Rio se livrou de Sérgio Cabral. O ex-governador foi transferido, no início da noite de ontem, da Cadeia Pública de Benfica para Curitiba, por ordem da Justiça Federal do Rio e do Paraná.
A remoção foi pedida pelo Ministério Público Federal (MPF), com base na investigação do Ministério Público do estado (MP) sobre as regalias de Cabral no sistema penitenciário fluminense.
O secretário de Administração Penitenciária (Seap), coronel Erir Ribeiro Costa Filho, e funcionários com cargos de direção nas unidades por onde Cabral passou, além do próprio ex-governador, foram denunciados por improbidade administrativa. O MP pediu o afastamento imediato do secretário, que foi comandante da PM no governo Cabral.
Ainda na noite de ontem, a Justiça acatou o pedido do MP, determinando, além da saída de Costa Filho, o afastamento do subsecretário Sauler Antonio Sakalen e de outros quatro funcionários.
Segundo a promotora Andréa Amin, houve uma adaptação do sistema e das regras do regime penitenciário para melhor acomodar Cabral. "Desde o ingresso de Cabral, em 17 de novembro de 2016, o sistema prisional do Rio passou a se moldar para atender às necessidades do preso, criando privilégios que ferem a isonomia determinada pela Lei de Execuções Penais", afirmou a promotora. Para chegar a essa conclusão, o MP analisou 10.500 horas de gravação das câmeras de segurança de Bangu 8, que revelaram as mordomias de Cabral na prisão, onde ele contava até com escolta de agentes penitenciários, enquanto circulava livremente. O caso da falsa doação de uma videoteca, a entrada irregular de alimentos e remédios proibidos e as inúmeras visitas de parlamentares fora dos horários estabelecidos robustecem a denúncia. As regalias de Cabral foram reveladas pelo DIA desde os primeiros meses da prisão do ex-governador.
A esperança dos membros do MPF é que a transferência para Curitiba coloque um ponto final no domínio que Sérgio Cabral, mesmo preso, exercia no governo do estado. "A permanência do senhor Sérgio Cabral no sistema penitenciário do Rio tornou-se insustentável. Ele segue exercendo influência indevida e inaceitável na administração pública e na administração carcerária. O carcereiro é controlado pelo preso! Isso demonstra que a organização criminosa chefiada por Cabral segue viva", afirmou o procurador federal Leonardo Cardoso de Freitas.
Cabral, hoje, deverá ser levado para a unidade prisional de Pinhais, mesmo cárcere do seu correligionário, o ex-deputado federal Eduardo Cunha.