Por Reis Friede Desembargador federal do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) e diretor do Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF).

Rio - O Carnaval é uma das mais tradicionais festividades do Brasil e em particular do Rio de Janeiro. Faz parte de nossa cultura (como um genuíno patrimônio) e nesse sentido não somente deve ser prestigiado como igualmente incentivado.

Todavia, nos últimos anos, esta esplêndida e maravilhosa festa, conhecida e reconhecida como uma brasilidade no mundo inteiro, tem se desvirtuado não somente de suas origens mas sobretudo de suas finalidades. E, pior, não tem sido pautada pelo respeito à igualdade de direitos que todos os cidadãos brasileiros possuem, inclusive de não querer participar da mesma, independentemente de seus motivos sejam religiosos, sejam culturais ou seja porque simplesmente desgastam desta tradição.

Seu período comemorativo, cada vez mais estendido informalmente, começa a avançar perigosamente para uma absurda e despropositada emenda do Réveillon, no dia primeiro do ano, até meados do mês de março, fazendo com que a prática laboral comece com atraso de muitas vezes mais do que 90 dias, efetivo prejuízo econômico de toda a sociedade brasileira.

Também cada vez mais o Carnaval se apresenta como uma festa distorcida de seus objetivos, obrigando já em meados do mês de janeiro a uma preparação sem precedentes: colocação de tapumes protetivos em vidros de shoppings, blindexes de banco e lojas comerciais e de cercas em jardins na orla das praias, evitando a constante repetição todos os anos de cenas de vandalismo e depredação.

Os turistas que acordam para prestigiar esta incrível festa cada vez mais têm uma visão distorcida, acreditando ser um momento singular em que absolutamente tudo é permitido em nome das comemorações.

É nossa obrigação (na qualidade de autoridade cidadãos, particularmente de foliões), portanto, evitar a todo custo que esta tradicional festa, tão representativa da alegria do povo brasileiro, e em especial dos cariocas, deixe de ostentar o natural e originário brilho.

Não vamos permitir em última análise que este patrimônio cultural brasileiro também se corrompa, perdendo seu significado e sua magistral beleza.

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