Nilópolis comemorou a vitória na Praça Nilo Peçanha, no município. Muita gente queria tocar o troféu - Luciano Belford / Agencia O Dia
Nilópolis comemorou a vitória na Praça Nilo Peçanha, no município. Muita gente queria tocar o troféuLuciano Belford / Agencia O Dia
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Rio - O canto de resistência da nação nilopolitana foi o trunfo para garantir o 14º título da Beija-Flor, a maior vencedora da Era Sambódromo. O samba-enredo, considerado o melhor do ano por especialistas e defendido com garra pelos componentes, fez a diferença e deu à escola as quatro notas máximas de que precisava no último quesito da apuração para se tornar a grande campeã do Grupo Especial. A aclamada Paraíso do Tuiuti, que assim como a Beija-Flor, apresentou um enredo de críticas sociais, ficou com o vice-campeonato. O Salgueiro ficou com a terceira posição, seguido por Portela, Mangueira e Mocidade, que voltarão ao Sambódromo no sábado, a partir das 21h15, para o Desfile das Campeãs.

Com o enredo 'Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu', a Azul e Branca da Baixada fez um desfile emocionante e que conquistou o público com um protesto contra a corrupção, a violência, a desigualdade social, o racismo e a intolerância de gênero e religião. "Sabia que o samba-enredo ia fazer a diferença porque foi feito do povo para o povo. O povo está cansado da sujeira dos governantes e da corrupção dos políticos", avaliava o comerciante Marcos Gomes, de 48 anos, que desfila há 23 na escola, e participava da comemoração na Praça Nilo Peçanha, em Nilópolis, próximo à quadra da agremiação, interditada na semana passada pelo Ministério Público.

A Beija-Flor montou um palco e um telão para que a comunidade pudesse acompanhar a apuração e, após o resultado, uma grande festa com milhares de pessoas tomou conta do local, com distribuição de cerveja de graça pela agremiação e muito samba. O troféu chegou às 19h15 e a comemoração continuou noite adentro. "Quero agradecer a todos os componentes. Tivemos muitas dificuldades e conseguimos fazer um belo Carnaval. Fizemos um desfile com dignidade e garra e conseguimos aquilo que nos propusemos a fazer", disse Laíla, da Comissão de Carnaval da escola, ao chegar ao palco.

A garra da comunidade era exaltada pelos integrantes. "O título vai para a comunidade Nilópolis e todos os componentes da Beija-Flor", disse a porta-bandeira Selminha Sorriso, que não perdeu nenhum décimo (recebeu apenas uma nota 9,9 entre os quatro jurados, mas que, pelas regras da Liesa, foi descartada).

A escola perdeu apenas 2 décimos em Alegorias e Adereços, 1 décimo, em Fantasias, e 1 décimo, em Enredo. A perda de pontos nos dois primeiros era esperada, já que a escola não apresentou o luxo que lhe é tradicional. "A Beija Flor foi pouco penalizada nos quesitos em que não foi bem, como fantasias e enredo", avaliou Aydano André Motta, um dos jurados do Tamborim de Ouro, que considera que a Tuiuti merecia o título, com a agremiação de Nilópolis em segundo lugar. Avaliação semelhante teve outra integrante do júri do prêmio do DIA, Barbara Pereira: "Não questiono a vitória em si, mas alguns quesitos como fantasia e alegoria, que tiveram claros problemas, não mereciam uma nota 10".

Jojo Todynho promete sair pelada
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Mocidade de coração, Jojo Todynho, que foi destaque na Beija-Flor, no carro contra o racismo e a intolerância, aprendeu rápido a amar a escola nilopolitana. Durante a apuração, ela sofreu ao ouvir cada nota. "Vou vir pelada no Desfile das Campeãs", declarou antes de ser consagrada vitoriosa. Após o anúncio, gritou: "O Carnaval é nosso. Desfilamos com gana".
"Ao contrário de anos anteriores, não foi a tecnologia que definiu o título. Neste ano, foram as mensagens de enredo engajados que se destacaram. No Brasil de hoje, tão complicado, o quesito enredo pautaram as avaliações do juri", analisou Fábio Fabato, jurado do Tamborim de Ouro, prêmio do DIA, sobre o resultado, que premiou Tuiuti e Beija-Flor.
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