Uma crítica da Beija-Flor foi à violência a que a população está sujeita - Severino Silva
Uma crítica da Beija-Flor foi à violência a que a população está sujeitaSeverino Silva
Por ADRIANA CRUZ

Rio - As escolas que apostaram firmes em protestos contra as mazelas sociais e até corte de verba das agremiações não só caíram nas graças do público, mas vão dominar o desfile das campeãs no sábado. A supercampeã Beija-Flor não poupou críticas à corrupção, violência e intolerância religiosa. A Mangueira não engoliu a falta de patrocínio da Prefeitura do Rio e Paraíso do Tuiuti mostrou que a escravidão está mais atual do que nunca. Na comissão de frente, negro açoitava negro.

"Ninguém engana o povo. A ostra nasce do lodo. Também quero parabenizar a Paraíso do Tuiuti. O bom vem do nada", analisou o puxador da Azul e Branco de Nilópolis, Neguinho da Beija-Flor. Mas, durante a apuração, a escola passou por susto. Um deles, foi levar exatamente duas notas 9.9 em enredo. "Foram altos e baixos. Tudo foi decidido nos últimos minutos. Agora, mostramos o que está acontecendo. Quando falamos a verdade não tem como o enredo prejudicar", avaliou Farid Abrahão, um dos dirigentes da agremiação, pouco depois de soltar o grito de é campeã.

Enredo nota dez

A Paraíso do Tuiuti, vice-campeã, passou pela Sapucaí atropelando a ideia de que a escravidão acabou com o enredo 'Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?'. E ganhou quatro notas dez dos jurados no quesito enredo. Mas a comissão de frente um dos pontos altos do desfile que impactou o público por trazer um feitor negro, o ator Paulão Duplex, que açoitava outros negros, levou um 9.9. A nota foi descartada e foram contabilizados os três dez, como pontuação máxima. A Mangueira que foi a grande sensação do desfile de domingo ficou apenas com o quarto lugar. A escola que levou para a Avenida o enredo 'Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco' recebeu três dez neste quesito. O maior alvo da agremiação foi prefeito Marcelo Crivella em razão do corte de verba para as escolas. Mas, as notas baixas em Bateria, que só recebeu um dez, Comissão de Frente que levou dois 9.8, e Alegoria e Adereços, com dois 9.9, derrubaram a possibilidade da verde e rosa chegar ao ponto mais alto do pódio da Avenida.

 

Coração na mão durante a apuração
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Foi uma disputa de tirar o fôlego. O primeiro lugar foi revezado por Salgueiro, Portela, Paraíso do Tuiuti, Mocidade Independente de Padre Miguel, até a Beija-Flor ser consagrada a grande campeã do Carnaval. "Calma, gente", repetia a cada nota Gabriel David, de apenas 20 anos, herdeiro do bicheiro Aniz Abrahão David, patrono da Beija-Flor.
"Foi suado, mas Graças a Deus deu tudo certo", comemorou Raíssa, Rainha de Bateria da escola de Nilópolis. O quarto lugar da Portela foi assimilado por Tia Surica, baluarte. "Ganha quem merece. Agora, a Portela tem muitos títulos, já perdi até a conta de quantos são", sintetizou. Antes do resultado, Surica planejava feijoada de comemoração de campeonato para sábado.
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