Por lucas.cardoso
Rio - Ele até julgava estar preparado para dirigir no trânsito, mas não contava com o comportamento dos demais motoristas, que foram lentamente o desencorajando de seguir no volante. Não bastasse o clima de insegurança que se desenhava, um pequeno acidente representou o fim de uma primeira fase como condutor. Assim aconteceu em 2008 com o supervisor de merchandising Marcus Oliveira, de 28 anos, um portador de CNH que preferiu deixar de dirigir em razão da agressividade do trânsito. Estava na fase de permissão da autorização para guiar, o primeiro ano do documento, e naturalmente tinha limitações como preferir não passar de 60 km/h, receio mesmo de encarar a rotina sobre rodas. “Tinha horror da Avenida Brasil”, contou.

O medo não passou e o período longe do volante foi longo, cinco anos, até que Marcus decidiu procurar uma autoescola para habilitados. “A necessidade me fez perder o medo”, revelou explicando que desejava parar de andar de ônibus. Ele procurou a empresa Dirigindo Bem, especializada neste casos específicos de habilitados que têm alguma limitação, no fim de 2013. Segundo o jovem, os instrutores foram super pacientes para lidar com o seu receio. “Achei muito importante as aulas práticas e a cada quatro delas havia consulta com psicólogos”.

Os psicólogos ajudam a lidar com os pensamentos que causam os sintomas físicos e dão dicas para relaxar o corpo e acalmar a menteDivulgação

Marcus fez 32 aulas e destacou que nas últimas duas, os psicólogos também o acompanharam no carro, junto com o instrutor, para verificar o progresso alcançado. Hoje, motorista assíduo, compartilha sua nova realidade. “Me sinto mais seguro na vida e não preciso mais pegar ônibus”, revelou ao declarar que usa o carro para trabalho e lazer, desde 2014 quando terminou o plano de aulas. “Viajo até de carro frequentemente”, contou orgulhoso.

ATENÇÃO INDIVIDUAL
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A experiência vivida por Marcus pode ser melhor explicada por Veronica Feliciano, psicóloga integrante da equipe da Dirigindo Bem de Campo Grande. A profissional atribui o sucesso da missão de recuperar um motorista ao respeito. “Nós respeitamos o emocional do aluno, não o forçamos a pegar trânsito de imediato. As nossas aulas são feitas de forma gradativa para ir dificultando com o tempo. Assim, eles vão conquistando a autoconfiança, acreditando serem capazes”, resumiu.

Veronica explica que a metodologia da Dirigindo Bem é diferente da autoescola tradicional, uma vez que trata-se de pessoas habilitadas, aptas, e que deixaram a atividade por algum motivo. Ela conta que são mais de 20 exercícios diferentes, como um quebra-cabeça, que vai completando as partes. Cada aluno tem um necessidade diferente e ao procurar a empresa recebe um plano voltado às suas necessidades. “O aluno nos procura e faz a primeira aula, daí avaliamos suas limitações e montamos um programa para ele”, contou revelando que em média essa recuperação acontece em 28 aulas.

Dentro do programa de aulas, há treinos no carro da empresa, no veículo próprio do aluno e os atendimento psicológicos. Veronica explica que ao fim de cada treino o aluno recebe um feedback do instrutor, claro e transparente, para que a atenção seja focada na carência detectada. Ela garante que todos os que procuram o serviço podem ser capazes de dirigir. “O que varia é o tempo para que o aluno se sinta seguro. Temos casos bem peculiares, que envolvem falta de técnica e controle emocional, mas com a atenção dedicada podemos eliminar o problema”.
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O programa termina quando a Dirigindo Bem reconhece que o aluno está pronto para dirigir. Não há uma avaliação final como quando se está preparando para obter a CNH, uma vez que já são pessoas habilitadas. Veronica conta como o trabalho termina com sucesso: “Damos ao aluno um tratamento individual, não um padrão coletivo, sem contar que a nossa equipe investe no serviço, com instrutores sempre realizando treinamentos, gestores que acompanham os resultados, um trabalho com seriedade”.