Por lucas.cardoso

Rio - A compra do carro zero é um sonho de muita gente. Para tornar esse desejo realidade, contudo, é importante planejar a forma de pagamento. Especialistas indicam que o pagamento à à vista ainda é a melhor alternativa. Mas a oportunidade mais ao alcance é o financiamento. Associação de defesa do consumidor, a Proteste aponta que o mercado de veículos está em recuperação, com 3,7% de crescimento no primeiro semestre, segundo a Anfavea, associação dos principais fabricantes do país. A entidade alerta para as diversas condições desta modalidade de compra. 

O financiamento é o modelo de compra mais utilizado pelo consumidor. Ele facilita%2C mas conheça antes as normasDivulgação

Numa análise do segmento, a Proteste visitou agências e concessionárias, enviando questionários a quatro montadoras do país e a oito bancos que atuam no financiamento de veículos, pedindo informações sobre os planos de financiamento disponíveis. Dos oito consultados, apenas Banco do Brasil, Itaú e Banco Ford responderam. A associação visitou, ainda, as agências de outros bancos e duas concessionárias de cada montadora no Rio.

O estudo encontrou diferenças significativas entre os custos, inclusive para o mesmo modelo de veículo, chegando a mais de R$ 4,5 mil ao final do financiamento de um carro popular. Para descobrir, de fato, o valor que vai pagar, não basta apenas conferir os juros e as parcelas: o consumidor precisa ficar atento ao Custo Efetivo Total (CET) do financiamento, que mostra as taxas inclusas, além dos juros, como Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), tarifa de cadastro e seguros. Os bancos e as lojas não costumam divulgar esses custos, mas o consumidor deve exigi-los.

Para auxiliar, a Proteste destacou quatro dicas para melhorar a escolha do financiamento de um veículo:

Poupe para a entrada

Ao optar por um financiamento, o consumidor deve oferecer a maior entrada que conseguir. Quanto mais alta, melhores serão as chances de negociar descontos e facilidades nas parcelas. Caso se opte por um financiamento em banco comum, vá até a instituição com o orçamento em mãos e solicite o crédito para a compra do veículo. Após o valor ser depositado na sua conta, você pode ir a uma concessionária ou revendedora e negociar a compra do carro à vista. Aproveite para pedir desconto.

Desconfie da 'taxa zero'

A chamativa taxa zero não existe, porque há custos que devem estar incluídos em algum lugar. O consumidor deve ficar atento, então, aos anúncios e às letras minúsculas exibidas nos comerciais. Para acabar logo com essa dúvida, o melhor é perguntar ao vendedor qual seria o desconto obtido no pagamento à vista na compra desse carro que poderia ser financiado com taxa zero.

O financiamento pode até ser isento de juros. Mas você precisa conferir se o CET também é zero, o que é pouco provável. Várias taxas administrativas podem estar inclusas e encarecerem o financiamento.

Na maioria dos casos, ainda é exigida uma entrada mínima de 60% do valor do veículo e um número de prestações mais reduzido. É comum, por exemplo, a oferta de, no máximo 24 parcelas em ações de varejo promovido por bancos de montadoras.

Pesquise bastante o CET

A Proteste encontrou variações significativas para o mesmo modelo de carro em diferentes bairros. Mas o importante é não desanimar e pesquisar bastante o CET, que é a melhor ferramenta de comparação de financiamento. Quanto menor, mais em conta vai ser o valor que você vai pagar pelo carro.

Ao financiar, em 24 vezes, a associação observou que 60% de um Ford Ka SE 1.0 em uma concessionária da montadora, em Campinho (Zona Norte), o CET é de 17,57% ao ano. Já na Tijuca (também Zona Norte), sobe para 29,81% ao ano. Isso significa uma parcela de R$ 1.178 no primeiro caso e de R$ 1.297, no segundo. E se o cliente ainda escolher a alternativa mais cara para esse perfil, verificada no Bradesco, com CET de 37,79%, as parcelas vão chegar a R$ 1.372,26. Assim, ao final do financiamento, você terá pago R$ 4.662,24 a mais.

Custos de manutenção

Antes do consumidor assumir um financiamento, lembre-se também de que vai ser um relacionamento de longo prazo. Ele deve analisar se vai ter possibilidade, de fato, de pagar toda a conta simulando os gastos mensais que passarão a existir. Isso porque há outros custos envolvidos na manutenção de um carro. Além da prestação, deve ser levado em conta, por exemplo, o Imposto sobre Veículos Automotores (IPVA), seguro, combustível e eventuais consertos como as revisões previstas no manual do carro e que são obrigatórias para validade da garantia. A Proteste orienta que deve ser simulado o gasto de combustível por mês segundo o perfil de uso, custos extras de estacionamento e até equipamentos que, por ventura, a pessoa possa querer incluir no veículo, como os kits multimídia, navegador, câmera de ré e sensor para.


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