Carros elétricos têm vantagem de poderem ser abastecidos na rede elétrica - fotos Divulgação
Carros elétricos têm vantagem de poderem ser abastecidos na rede elétricafotos Divulgação
Por Lucas Cardoso

Rio - A recepção a carros elétricos, considerados "zero emissão", mudou de três anos para cá. Pesquisas para o desenvolvimento de maiores autonomias das baterias e desempenho vêm sendo realizadas e tem dado resultados positivos. Contudo, os avanços escondem questões importantes quanto a emissão de poluentes na produção desses carros e de seu benefício climático.

"Além de toda emissão que envolve o processo de produção do carro elétrico e de suas baterias, as pessoas devem estar cientes de que a energia que abastece o carro elétrico também pode vir da queima de combustíveis, como é no caso da eletricidade gerada pelas termelétricas", explica Fernando Castro Pinto, doutor em engenharia e professor de engenharia mecânica da Universidade Federal do RIo de Janeiro (UFRJ).

A fonte

Segundo o professor, no processo de mudança de frota de carros a combustão para os movidos a eletricidade, haverá um efeito de centralização das emissões para o local onde essa energia é gerada. Um estudo da Union of Concerned Scientists, organização sem fins lucrativos de cientistas para proteção ambiental, confirmou essa tendência avaliando a situação dos Estados Unidos. Lá, apenas 30% da eletricidade é gerada por fontes renováveis, como a hidrelétrica e solar. O estudo conclui que, em plantas com produção de energia considerada ‘suja’, os carros ‘zero emissão’ apenas transferem o problema dos locais por onde circulam para a região onde fica a usina.

Segundo Amos Lee Harris, CEO da Universidade Automotiva, os benefícios do carro elétrico são indiscutíveis. O grande vilão dos carros elétricos é a sua ‘curta’ trajetória. “Esse tipo de veículo utiliza uma tecnologia recente. Os estudos ainda estão sendo realizados e a tendência é que as baterias e todo o processo de produção dos carros evolua muito. Hoje, a bateria é o fator complicador nessa proposta de combustível. Elas (as baterias) contêm metais como lítio e, em alguns casos, cobalto e níquel. Como a extração desses metais é complexa e demanda muita energia, é importante fazer avanços significativos nessa área”,pondera. O especialista ainda questiona o processo de descarte dos carros elétricos.

As baterias ainda são as vilãs na produção dos carros elétricos
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Um estudo divulgado pelo Instituto Sueco de Pesquisa Ambiental da IVL revela que a produção de baterias de íons de lítio para veículos elétricos leves libera, em média, 175 quilos de CO2 por quilowatt-hora gerado pelos componentes. Um dos menores elétricos no mercado, o Nissan Leaf usa itens de 30 kWh. Mas alguns modelos têm componentes de 60 e 100 kWh.
Ao adquirir o tesla Model S, veículo com baterias de 100 kWh, o proprietário já está levando para casa uma bateria que gerou, em média, 17,5 toneladas de CO2 em seu processo de produção. Isso sem contar as 17 toneladas geradas na produção e montagem do veículo, segundo cálculos feitos por especialistas de importante revista alemã. Com a soma dos dois números, no caso dos modelos elétricos, todo processo gera 34,5 T. O resultado representa quase o dobro da poluição necessária para a produzir um carro a combustão.
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O estudo também fez uma avaliação comparando carros movidos a combustíveis comuns, híbridos e elétricos (informação presente no infográfico à esquerda). Na avaliação, durante a vida útil do carro, elétricos produzem pouco menos de um terço da poluição gerada por um veículos tradicionais.
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