'Mexer no celular enquanto se dirige é uma ação que o condutor deve evitar muito', alerta Renato Campestrini, gerente do ONSV
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'Mexer no celular enquanto se dirige é uma ação que o condutor deve evitar muito', alerta Renato Campestrini, gerente do ONSV Reprodução
Por Lucas Cardoso

Rio - Celular e tecnologias como central multimídia vieram para facilitar a vida de todos os motoristas. Contudo, a utilização desses equipamentos no trânsito pode representar um risco e tanto. Segundo a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), o uso do celular ao volante já é a terceira maior causa de mortes nas ruas e estradas. São cerca de 150 por dia no país. Ou quase 54 mil por ano.

"Mexer no celular enquanto se dirige é uma ação que o condutor deve evitar. Não pelo perigo de autuação, mas como um princípio de defesa da vida", diz Renato Campestrini, gerente técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária.

O problema é mundial. Um levantamento feito, na Alemanha, pelo Centro de Estudos da Allianz Seguros indica que 74% dos motoristas se distraem com celulares ou itens de comodidade instalados em automóveis. "Quanto mais dispositivos de tecnologia no veículo e mais complexo o manuseio deles, mais distraído estará o motorista", diz Jochen Haug, diretor de Sinistros da Allianz.

De acordo com dados da pesquisa, 60% dos motoristas que sofreram acidente nos últimos três anos afirmaram que estavam usando celular enquanto dirigiam. Ler uma mensagem provoca, no mínimo, cerca de cinco segundos de desatenção. Se o carro estiver a 80 km/h, esse intervalo é suficiente para percorrer um campo de futebol.

Por pouco

O estudante de engenharia mecânica Davi Coppe quase pagou caro por dividir sua atenção entre o tráfego e o celular. "Eu estava dirigindo pela Linha Vermelha, quando meu celular vibrou. Como estava naquele ritmo de anda e para, tentei aproveitar um momento de fluxo liberado para poder ler a mensagem. No momento em que voltei os olhos para a pista, meu carro já estava praticamente embaixo da traseira de um caminhão".

De acordo com especialistas, 10% dos acidentes de trânsito com fatalidade são causados por motoristas distraídos. O trânsito brasileiro é o quarto mais violento do continente americano, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O número não especifica a participação da tecnologia nesse resultado, mas, segundo informações do Laboratório de Psicofísica e Percepção da Universidade de São Paulo, 98% desse total é provocado por fatores humanos e, desses, 72% por falhas de atenção.

Para Jochen Haug, o uso do celular deveria ser punido com o mesmo rigor dado a motoristas flagrados dirigindo sob a influência de bebidas alcoólicas. "Na Alemanha, por exemplo, mais de 20 mil pessoas morreram nas rodovias em 1970, e o governo respondeu a isso introduzindo limites de velocidade nas estradas e estabelecendo o nível máximo de álcool no sangue em 0,8. A bebida alcoólica passou a não ser mais socialmente aceitável. Precisamos adotar a mesma atitude em relação ao uso do celular", diz Haug.

Um perigoso hábito nas estradas
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Na pesquisa da Allianz, um a cada quatro motoristas afirma que lê mensagens de texto enquanto dirige, e 15% disseram que, inclusive, respondem a seus interlocutores. A perigosa prática é mais comum entre motoristas de até 24 anos.
Os resultados são parecidos àqueles registrados em outras pesquisas internacionais. Um estudo de 2015 que entrevistou 1.211 motoristas nos Estados Unidos apontou que quase 60% dos entrevistados leem mensagens no celular com o veículo em movimento.
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Além disso, as colisões com veículo motorizado são responsáveis por aproximadamente um quarto de todas as mortes de adolescentes e jovens adultos (entre 15 e 24 anos) nos EUA, apontam estatísticas da U.S. National Highway Traffic Safety Administration de 2015.
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