Motores turbo de três cilindros, como os TSI da Volkswagen, estão se popularizando entre as montadoras no país e no mundo - Divulgação
Motores turbo de três cilindros, como os TSI da Volkswagen, estão se popularizando entre as montadoras no país e no mundoDivulgação
Por Lucas Cardoso

Mais de um século após a primeira utilização em automóveis, os motores a combustão interna como vemos hoje podem estar com os dias contados. A chegada dos carros elétricos foi confirmada para o ano que vem por pelo menos três montadoras populares (Chevrolet, Nissan e Renault). Com isso, o uso de tecnologias de eficiência energética deve ser ampliado para tornar os propulsores tradicionais ainda mais viáveis. Esse tipo de medida pode ser adotada com a instalação de turbo compressores, sistemas de injeção direta mais avançados e redução de tamanho nos componentes.

Na última semana, Michel Just, chefe de estratégia da Volkswagen, afirmou que a montadora abandonará os propulsores tradicionais a partir de 2026, quando começará a produzir apenas veículos elétricos e híbridos. A Volvo planeja adotar a mesma medida já a partir de 2019.

Ricardo Takahira, engenheiro da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da Sociedade de Engenheiro da Mobilidade (SAE BRASIL), diz que a evolução para os carros elétricos ou híbridos é um caminho sem volta, já que tornará os veículos mais eficientes. "O problema do motor a combustão tradicional é que ele não aproveita toda a energia que poderia. Mesmo os mais eficientes, só conseguem algo perto de 35% de aproveitamento da força gerada. A balança pesa para o elétrico nesse quesito. No pior dos casos, chega a 95% de eficiência", comenta.

Embrionário

Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), foram emplacadas 1.562 elétricos e híbridos de janeiro a maio deste ano. O número é cerca de 50% maior que o total registrado em 2016. E 10% maior em comparação ao índice atingido no mesmo período de 2017, quando foram emplacados 1.462 unidades, apontam dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Ajustes necessários

Para o elétrico ter seu espaço no país, Ricardo Takahira afirma que serão necessários facilidades para o comprador e não apenas para a indústria. "O brasileiro pensa no carro como um investimento. Por isso, não bastam os incentivos para a cadeia produtiva no mercado de leves. Precisamos de incentivos para o consumidor", analisa.

Ainda segundo o especialista, a redução do IPI para a importação de 25% para 7%, definida no Rota 2030, deve colaborar para a chegada desses veículos movidos a eletricidade. Mas não é o suficiente. "O Brasil vai depender muito de políticas públicas para não ter mais motores a combustão interna. Quer seja por questões ambientais ou eficiência energética", diz Takahira.

Menos poluição

Para David Tsai, pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), um dos principais benefícios da eletrificação da frota será a queda da poluição nos centros urbanos. "Ainda que estejam em constante evolução para se tornar mais eficientes, os carros com motores a combustão interna estão entre os principais causadores da piora na condição atmosférica do país e na emissão de gases do efeito estufa em escala global", argumenta. Segundo o especialista, a conversão da frota de pesados poderá ter papel decisivo.

 

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